Coração petrificado
Coração petrificado
Vidas humanas importam.
Somos há muito tempo obrigados a conviver com a desigualdade social. Ela esta estampada em nosso dia a dia. No centro, entre os bairros de classe média e alta, encontramos transeuntes, e famílias andando pela cidade em busca de ajuda. Adultos e crianças de todas as idades, ora pedindo esmolas, ora correndo riscos nos faróis vendendo todo tipo de miudezas, balas etc..., passamos por elas todos os dias. Vê-las pelas janelas de nossas casas ou carros não nos afeta mais. E sai governo, entra governo e a situação não muda.
Ao caminharmos por uma rua, ou avenida de uma metrópole como a nossa, é comum nos deparamos com pessoas dormindo nas calçadas, morando debaixo de viadutos, pedindo comida, e nada podemos fazer. São desempregados, muitos sem teto, e outros em situações que nem dá para descrever.
Ano após ano de nossas vidas convivemos com essa má distribuição de renda, que gera muita pobreza. Isso vai nos tornando duros e acabando com nossa sensibilidade.
Ai, vem a Pandemia, tornando este cenário mais evidente, e muito pior, com um vírus mortal e invisível levando a vida de milhões de pessoas, aqui e por todo o mundo. Dia após dia acompanhamos o número de novos contágios e mortes. Dia a dia, somos impactados por essa macabra situação de horror pelos meios de comunicação que fazem seus trabalhos sem nenhum remorso; afinal são profissionais exercendo suas funções, e nós temos que assimilar as notícias, abafando nossos sentimentos. São cenas chocantes, hospitais operando em sua capacidade máxima, e de cemitérios cheios de covas, enterros solitários sem a participação de familiares, e isso nos endurece ainda mais, ficamos insensíveis para poder seguir em frente. A vida continua é verdade, mas a que preço? O medo desnuda-se, e as diferenças sociais ficaram escancaradas.
As vacinas estão chegando em passos lentos, em quantidades bem menores que os índices de contágio. O que fazer? Nem os gestores públicos sabem.
Temos que seguir em frente, com o vírus, a fome e a falta de trabalho, nossos corações parecem que foram preparados diariamente para serem petrificados. Para essa guerra contra um inimigo invisível, que pode estar em qualquer lugar, em um passageiro que utiliza um meios de transporte público, geralmente lotados, ou numa superfície qualquer. E para acreditar no amanhã, temos que ter fé na ciência, que já nos deu esperança com a descoberta de algumas vacinas, já aprovadas pela ANVISA. Toda a população, incluído trabalhadores, de todos os setores e principalmente os da saúde pública enfrentam o inimigo com as únicas armas possíveis, até a pouco tempo, MÁSCARAS, ÁLCOOL EM GEL, E DISTANCIAMENTO SOCIAL. Agora, temos as vacinas, mas até elas chegarem para todos, teremos um longo caminho a percorrer. O que não dá para acreditar é que parte da população ainda não se conscientizou de que o vírus é real, e descumpre estes protocolos de prevenção, único possível até o momento. Só pessoas sem sangue nas veias podem olhar para tudo isso que está acontecendo no planeta, e não sentir nada. Pelo menos um pouquinho de medo da morte, ou se preocupar com a vida do próximo demonstraria solidariedade, sentimento mínimo exigido de um ser humano consciente nesta situação de calamidade pública, causada pela crise provocada no país pelo combate ao Coranavírus. E para acreditar no amanhã temos que esperar que a logística de distribuição das doses destas vacinas alcance toda a população o mais rápido possível, conforme prometido pelos gestores públicos., e é claro, ter fé em Deus.