Conversando Com O Miguel
Conversando Com O Miguel
As crônicas que envolvem crianças e que tratam da lógica infantil sempre nos oferecem leituras leves e divertidas. De certa forma representam um remanso se comparadas às formulas sérias, pesadas e complexas que são marca registradas dos adultos, em seus estilos literários.
E estas histórias têm seu nascedouro em fatos corriqueiros e aparentemente insignificantes que geralmente passam despercebidos pelos adultos, prisioneiros que são, de suas rotinas diárias e seus afazeres urgentes.
O fato que relato aqui foi um destes, que me passou em branco pela sua falta de importância dentro das urgências que me assoberbavam num dia exaustivo de afazeres e obrigações, (apesar de ser Domingo) até que minha companheira, em nossa conversa habitual de fim de noite chamou-me a atenção para o mesmo.
Na época eu cultivava uma espessa barba já por vários anos, e o meu filho mais velho que acabara de fazer quatro anos, nunca me vira sem ela,(a barba).
Naquela manhã de domingo eu acordei determinado a me livrar daquela penugem incomoda, visto que o calor estava insuportável e entrei no banheiro logo ao acordar, sem avisar ninguém daquela importante decisão.
O Bruno acordou logo a seguir e corria pela casa me chamando, (eu prometera levá-lo ao Parque Náutico da Boa vista).
A mãe dele para quietá-lo e encurtar a conversa foi logo dizendo sem pensar muito:
- Para, Bruno, seu pai está no banheiro conversando com o Miguel.
O Bruno ficou ali na porta do banheiro, calado, pensativo, cabreiro, esperando impaciente pela minha saída.
Logo que abri a porta e aparecí com minha nova cara, o Bruno, muito sério foi logo perguntando:
- O senhor é o tal do Miguel?
João Drummond