CRENÇAS LIMITANTES

(Por Érica Cinara Santos)

Ontem li uma nota do jornal Estadão que falava sobre a decisão do Papa Francisco de assinar um termo determinando que a igreja não daria benção a casais homoafetivos. Apenas lamentei aquela decisão, que sei não foi tomada exclusivamente pelo próprio Papa, mas sim por um grupo de líderes dessa religião, o catolicismo.

Mais um documento a se juntar a tantos outros e que registram a visão limitada de humanos ao longo da história. Especialmente ao longo da história da religião católica, que já marcou de sangue, de atrocidade, de morte as páginas de sua trajetória por insanas e equívocas interpretações.

A SANTA INQUISIÇÃO, que inquestionavelmente de santa nada exibia, imprimiu na humanidade o medo, o julgamento precipitado, raso e cruel, colocando na fogueira e ceifando a vida de inúmeras pessoas cujas missões eram de cura, de iluminação, mas que, graças a visão tosca e grotesca da igreja, foram violentamente retirados da existência material em praça pública, queimadas.

Sem falar das mortes promovidas unicamente por interesses sórdidos, para que não atrapalhassem o “COMÉRCIO DO PERDÃO” sob uma visão "oportuna” de um Deus punitivo. Um Deus que falava exclusivamente pela boca dos líderes religiosos e a seu bel prazer, resultando tão somente na chamada IDADE DAS TREVAS, época em que a igreja mais acumulou bens e riquezas e menos se vivenciou o AMOR.

E o que dizer das CRUZADAS e seu rastro de destruição, quando católicos lideraram a guerra, a dominação, o levante com armas em punho e o massacre “em nome de Deus”!?

Ah, Deus, quanta ignorância já assistimos pelo equívoco de líderes religiosos...e quanta atrocidade ainda presenciamos nos dias atuais...

Hoje, não são mais os corpos físicos que são dilacerados, mas as almas. As almas sangram diante de uma decisão como essa assinada pelo Papa Francisco, especialmente aquelas que seguem com o coração essa religião. Uma decisão que se baseia em uma visão completamente limitada do ser.

Diz o Papa que o sexo entre casais homoafetivos não segue os preceitos de Deus por não visar a procriação. Pergunto: e o que sabe V. Santidade sobre essa troca de energia Divina que é o sexo? A visão que o coloca sob o estigma do pecado não tem ajudado em nada a sua compreensão.

Se o sexo visasse unicamente a procriação, certamente teríamos uma superpopulação mundial sem espaço para todos e com fome e miséria ainda mais intensas do que já há na atualidade.

Se o sexo fosse exclusivamente para a procriação, o planejamento familiar deveria ser considerado um pecado.

Se o sexo fosse exclusivamente para a procriação, os casais heterossexuais não poderiam faze-lo sem esse fim. Ou seja, casais que não pudessem ter filhos, casais que já tivessem tido a quantidade de filhos já desejados não mais poderiam fazer sexo, eis que a finalidade já estaria em discordância com a lei de Deus. E viveriam esses casais como irmãos embaixo do mesmo teto.

No entanto, sabemos que os casais heterossexuais permanecem fazendo sexo ao longo do casamento, não porque se igualam aos demais animais apenas querendo procriar, mas sim porque SE AMAM!

Portanto, o único ponto a ser considerado para que um casal (hetero ou homoafetivo) troque a energia do sexo deve ser o AMOR. Eis que, sob esse sentimento sublime as energias trocadas entre as duas almas reverberam positivamente em cada um e contribuem para a elevação da psicosfera do planeta. Sob qualquer outra circunstância, o sexo passa de salutar a nocivo, pois gera desarmonia e não as elevadas vibrações.

Em outras palavras, a procriação é tão somente uma das finalidades do sexo, mas obviamente não é a única. Logo, nada justifica negar a benção a duas almas que se encontram e se unem.

Somos seres cuja essência é espiritual, portanto, somos muito mais do que as vestes efêmeras, os corpos físicos que nos determinam o gênero. Somos almas a transitar pelo universo em jornadas de aprendizados e de elevação. E só o AMOR nos eleva.

Limitar a visão do sexo e da união de almas da forma como a igreja equivocadamente está fazendo é aprisionar os seres na hipocrisia, no medo da desaprovação, no separativismo, na mentira, no desamor, na crueldade.

Esse termo assinado é, portanto, a igreja indo na contramão da expansão da consciência, na contramão do entendimento do ser em sua integralidade, enfim.

A boa notícia é que Deus não outorgou a líderes religiosos as suas decisões. O Papa Francisco é somente mais um ser humano com seus erros e acertos, agindo conforme o alcance de sua visão.

Deus é a Suprema Bondade, o Supremo Amor e nos criou para viver essa BONDADE e esse AMOR verdadeiramente.

Dia chegará em que os seres já despertos olharão para trás e verão quanta dor a humanidade teve que produzir em si mesma para que finalmente compreendesse o sentido real da vida.

Érica Cinara Santos
Enviado por Érica Cinara Santos em 16/03/2021
Reeditado em 16/03/2021
Código do texto: T7208249
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