Intervenção militar e burrice
Um dos princípios mais repetidos de nossa Constituição é “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”.
Nós brasileiros temos o péssimo costume de não prestar atenção no que lemos e ouvimos. Parece que estamos o tempo todo falando de futebol e depois que a conversa acaba fica o falado por não dito e o ouvido por não escutado.
Com relação a Constituição, temos que observar que ela não é um livrinho cheio de letrinhas e palavrinhas como se fosse uma cartilha de criancinhas de primário, ela é nosso principal instrumento de proteção enquanto Povo, porque sem ela somos rebanho pronto para o abate ou para puxar carroça.
No princípio citado acima, onde consta que “o poder emana do Povo”, significa que essa emanação é constante, não é transferência, ou seja o poder não foi transferido quando da promulgação da Constituição e agora pertence aos governantes. Ele só existe enquanto o Povo o transfere para seus representantes, qualquer outra forma de poder é espúrio.
O termo “diretamente”, que eu realcei, significa que os governantes não podem criar obstáculos para que o Povo exerça seu poder. Se isso acontecer o Povo pode e deve fazer prevalecer sua vontade por meios próprios.
Um desses meios é a demonstração coletiva de insatisfação. Em caso extremos, como o que estamos vivendo atualmente, quando nossos servidores demonstram completa falta de seriedade e nos tratam como se fossemos débeis mentais, pode ser usada a ameaça de violência, que não precisa chegar as vias de fato. Por exemplo, em algum momento os indesejáveis servidores terão que sair às ruas e passar por aeroportos e nos aviões ficarão bem próximos da “turba enfurecida”, aí é momento de se usar palavras insultuosas e ovos e tomates.
Nesse caso podemos dizer que o país será feito de homens, ovos, tomates e insultos.
Agressões sejam verbais ou físicas nunca são desejáveis, mas quando se chega numa situação em que os governantes se tornam tão desprezíveis que se começa a desejar intervenção militar, é o momento em que a desobediência civil e a demonstração de disposição para a violência são os meios do Povo demonstrar por si mesmo seu Poder.
Essa violência é legitima porque seria dirigida a pessoas que nos oprimem e não contra irmãos, o que é diferente daquela praticada por ativistas de causas inúteis, que agridem pessoas comuns e depredam propriedades públicas e privadas.
Diante do grande poder que o Povo representa, a insistência em pedir intervenção militar só serve para escancarar a burrice de parte da população.
Será que essas pessoas pensam que os militares vão sair matando e prendendo todos os estelionatários e incompetentes que infestaram como ratos a Administração Pública? Fomos nós que os colocamos e os mantemos lá, então é nossa obrigação tirá-los. Na hipótese remota dos militares fazerem esse serviço para nós, nas primeiras eleições já teríamos colocado outros iguais no lugar. Fizemos isso no passado, depois que os militares voltaram para os quartéis, elegendo 599 ratos para a Assembleia Nacional Constituinte, que depois se instalaram no Congresso e no Senado e estão lá até hoje ou deixaram filhotes para substituí-los.
Outra demonstração de burrice é prestar apoio incondicional a políticos, sejam quem forem.
O cargo de Presidente da República é a maior honra que um cidadão pode receber e os outros cargos públicos, mesmo os de preenchimento por concurso público, são honras menores concedidas pelo Povo, quem os ocupa deveria ter sempre isso em mente e ter humildade para agradecê-la e não se comportar como se fossem príncipes e olhar o Povo como seu vassalo.
“Como o que arma a funda com pedra preciosa, assim é aquele que concede honra ao tolo.” (Provérbios 26:8).