A liberdade egoísta
Numa crônica anterior mencionei sobre a liberdade com responsabilidade proposta pelo filósofo francês Sartre. Hoje mencionarei nesta crônica sobre a liberdade egoísta. Naquela perspectiva da “liberdade com responsabilidade”, a liberdade é sempre uma escolha. Isto significa que os meus atos envolvem o cuidado com o outro, já que as minhas escolhas afetam a minha vida e de outras pessoas também. O principio ético desta concepção de liberdade de escolha é pensada, portanto, numa dimensão coletiva ou social. Já a liberdade egoísta tem uma dimensão individualista sem nenhuma ética social ou coletiva. Aqui, neste caso, prevalece uma moral utópica pré-social de “liberdade natural” como afirmou o filósofo inglês Thomas Hobbes. É nesta ideia moral de liberdade natural que nasce a ética da liberdade egoísta. Sendo assim, a ética deve ser entendida como um valor moral que faz o indivíduo agir. O filósofo inglês, Thomas Hobbes, levanta a hipótese de que em um mundo assim, aonde o indivíduo é soberanamente livre, “todo homem é inimigo de todo homem”. Nessa perspectiva de liberdade egoísta prevalece a lei do mais forte. Esse mundo de “liberdade natural” ou egoísta reina uma vida de indivíduos que lutam entre si. E uma vida assim de liberdade natural ou egoísta, a vida se torna insegura. Portanto, o medo entre as pessoas torna-se a regra da vida. Nessa vida de liberdade natural ou egoísta, o medo da morte violenta também reina entre as pessoas. Ninguém se encontra seguro nessa moral. O filósofo inglês nos adverte: “não há sociedade; e o que é pior do que tudo, um constante temor e perigo de morte violenta” se instala na vida cotidiana. O Brasil de hoje parece ter escolhido a liberdade egoísta e não a liberdade com responsabilidade. Na política brasileira, o imperativo da liberdade egoísta se transformou em uma moral política de Estado e de Governo. Não me surpreende que a vida na sociedade brasileira vem realizando a advertência do filósofo inglês, quando diz: “a vida se tornou solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta”. Trágica evidência no Brasil de hoje.