Fábrica de sonhos




A palha do coqueiro envergada quase toca o chão, mexe com o frágil e mais novo galho da goiabeira, parte dela está enganchada no varal, e ninguém vê, o vento vem e vai, põe e repõe coisas no lugar,  faz ranger qualquer coisa. Não é culpa do coqueiro, mas dos ventos. Ele vem e brinca, vai ao topo onde a palha começa, e escorrega até a sua ponta, deixa de propósito esquecidas as suas asas, depois voa e distraído, recomeça a brincadeira, a chuva também vem e todos os outros pássaros fogem, esse aqui não se intimida, grita de alegria em seu banho, voa e volta, é festa! Nele me encontro, feito espelho, nele me identifico. Uma fase da vida, onde sou pássaro, e não sou humano, sou pó fino das dunas, mas com sensações.

Deslizar por sobre caminhos, mares, céus, subir e descer, voltar para dentro de nós mesmos, sem nos contaminarmos com as maldades.  Aprendermos a lidar com o que a vida nos fez, absorver e sermos gratos por tanta beleza natural, que vem  preenchendo o vazio, basta olhar as pequenas coisas.

Sonhar e viajar na poesia e em tudo que pode nos  fazer retirar os nossos pés do chão. Ousar quando puder, tocar o horizonte que tem alma e que respira esperança, e sopra a leveza de um poema, alcançando-o adentramos uma casa simples, de portas e janelas abertas para de noite ser iluminada tão lindamente pelo brilho da lua que refletirá em nossas almas.

A casa que fica num lugar sem ruas, no meio de uma cidade que eu chamo de Fábrica de sonhos. Quando nessa casa adentro, sinto-me acolhida, recupero as minhas forças, respiro fundo,  pois ela  fica de frente para o um mar, como a terra gira, de  repente está de frente para os melhores pensamentos, onde aponta um novo alvorecer.

Adoro essa visão, dá para assistir um por do sol. O amor faz milagres,  e o meu amor, ele é tudo isso, e ganha o meu melhor e mais puro sorriso é para ele, assim tão tímido, tão tudo, e silenciosamente sem incomodar, que fico num canto, para esperar as estrelas. Acredito que em uma outra hora retornarei àquela outra vida. Maravilhoso é poder sonhar, como é linda a natureza do mundo, e a natureza da tua alma, que me faz sentir por dentro um amor que traz esse brilho para a minha  alma que emana tantos desejos.
Envolvo-te em meu colo, encontrando então o colo da felicidade, és meu  ninho, de onde posso ouvir  sutis ruídos dos galhos entre si.  Posso ouvir o barulho de asas voando, é a minha incansável alma em busca de ti.
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 14/03/2021
Reeditado em 15/03/2021
Código do texto: T7206857
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