FRACASSADOS ARRUMAM CULPADOS ("Num país de miseráveis não é surpresa a barriga vir na frente da ética e da moral." — Clóvis Rossi)
Depois de 30 anos lecionando na escola cheia de coordenadoras, descobri que ainda não sei fazer um plano de aula, ainda mais agora nesse novo normal, com tantas planilhas inventadas no desespero — para se justificar uma mentira é preciso mais mentiras. Todavia não é do meu jeito, mas do jeito delas! Como eu queria me sentir confortável, fazendo o que sei! Ensina-se com livros nas mãos, não com planilhas, relatórios e fichas de nomes! Mas, de tanto me pressionarem, entreguei mais uma planilha à coordenadora principal, e mais uma vez, voltou para refacção, crivada de correções e observações redundantes. Houve outra que fez um relatório de mim denunciado por uma ex-aluna da EJA, de anos atrás, porque tomei uma cerveja sem álcool no supermercado no qual ela era caixa. Ex-alunos fracassados têm muito ódio no coração, além da ignorância que lhes impossibilita o sucesso. Mesmo, fora da sala, na rua, conseguiu me envergonhar, tirou uma foto da latinha vazia que joguei na lixeira do supermercado e levou para a diretora da escola em que eu trabalhava. Eles têm sede de se impor. O que diabos é assédio moral? Deve ser o mesmo que assédio eleitoral.
A culpa do caos na educação não é do professor: também vítima do sistema! Mas, quando também os colegas concorrem entre si pela apreciação da comunidade, acusam o de língua portuguesa gravemente de não ensinar seus alunos a fazerem resumo. Pois terão de dar nota nas "colchas de retalhos" que os alunos fizeram em suas disciplinas! Depois, nas reuniões pedagógicas, reclamam que não fizeram melhor porque o colega não fez bem seu trabalho. Mas, se os alunos não aprenderam, os professores também só deixam como está, empurrando a responsabilidade de uns aos outros! "O mal que podem fazer os maus livros só é corrigido pelos bons; os inconvenientes das luzes são evitados por luzes de um grau mais elevado." (Madame de Staël). (CiFA