A Palavra Tem Poder! Será?

“A PALAVRA TEM PODER”.

Muitos diriam: “como todo bom clichê, inegável”. Será?

Pena que, ao menos no Brasil, após 7 anos de civilização, o homem desaprendeu (ou não aprendeu) a pensar. Não digo coisas fúteis do dia a dia, mas a relativizar as “verdades” sociais, religiosas, culturais, etc. tidas como absolutas.

Como máquinas programadas, repetimos o que ouvimos dos telejornais, pastores, padres, vizinhos, políticos, cientistas, e todos que dizem qualquer coisa aos nossos ouvidos, sem ao menos pensar no assunto. Apenas acreditamos e repassamos a mensagem.

Raciocínio lógico e busca pela verdade. Legado da Grécia antiga. O que é isso?

Hoje, o conceito FILOSOFIA parece não existir ao nosso universo tecnológico. Mas, sabem o que significa esta arte? Grosso modo, simplificando ao máximo: nunca aceitar respostas feitas, sempre raciocinar com lógica, em busca da verdade, em qualquer questão que se lhe apresente como pronta, inconteste, verídica. No mundo dos filósofos gregos, clichês seriam uma heresia.

Qualquer um de nós pode (e deve) agir como um filósofo! Sendo assim, raciocinemos no clichê “A palavra tem poder”. Será?

O que é a palavra em si?

Se oral, um conjunto de sons. Se escrita, um conjunto de rabiscos. Apenas isso.

Quer uma prova?

“Gusti”.

Tem poder para vocês?

E “พระเจ้า”?

Pois é.

Nenhuma delas tem poder nem pra mim nem para vocês. Ambas significam “Deus”. A primeira em sudanês e a segunda em tailandês.

Daí chegamos numa primeira questão, para ter poder, no mínimo, a palavra tem que ter significado.

Mas será que apenas isso basta?

A resposta ainda é NÃO!

Hoje em dia existem leis que nos proíbem pronunciar determinadas palavras, pois são consideradas ofensivas. Apenas dizer preto (a cor) pode nos causar um processo, mesmo se não estivermos nos referindo a uma pessoa.

Complicado isso né?

Um conhecido, quando se apresentou a mim disse que se chamava Negão. E a partir de então, se não o chamo de “negão”, fica encucado, achando que estou chateado com ele. Ele faz questão que eu o chame assim. E sabe como ele me chama? “brancão”.

O que isso quer dizer? Que a palavra não tem poder, e sim a intenção que ela carreia.

A palavra é apenas um instrumento.

Assim como a água, a palavra é neutra, contudo, condutora.

Você pode pronunciar uma mesma palavra de várias formas diferentes e com diversas intenções. Uma mesma palavra, dependendo da forma que é pronunciada (momento, receptor, entonação, etc.) e intenção, pode carregar uma energia de amizade, perdão, amor, carinho, afeto, agressão, ofensa, preconceito, etc., etc.

Portanto, não é a palavra que tem poder, mas sim a intencionalidade que a subjaz.

Ou seja, os pensamentos unidos aos sentimentos têm poder, as palavras são apenas meras condutoras desses últimos.

Sendo assim, não seria lógico, numa sociedade em que se preza a liberdade, o despreconceito a todo custo, a quebra de estereótipos, a inclusão e igualdade de todos os grupos socioculturais, iniciarmos um novo tipo de preconceito, o linguístico, promovendo uma caça às bruxas a vocábulos inofensivos e à liberdade de expressão, mesmo que esta não seja de cunho pejorativo ou agressivo.

De uma vez por todas, temos que entender que o único vilão sempre foi e será o homem, e não as línguas, religiões, políticas ou quaisquer instituições que sejam.

Portanto, mais uma vez, usemos a boa e infalível lógica filosófica grega: neste planetinha azul que amo e respeito, e tudo inserido nele, NADA tem poder ALÉM do homem, seus preconceitos, julgamentos, estereótipos e intencionalidades.

Então, que tal fazermos um GRANDIOSO PROJETO para mudar as bases relacionais humanas, seus costumes e protocolos: OS DITAMES SOCIAIS!

Vamos começar mudando nossas maneiras de pensar, a nós mesmos, o outro, e nossas relações?

Uma boa né!

Porque, O HOMEM TEM PODER! Ele e só ele!

Rafael Lengruber
Enviado por Rafael Lengruber em 14/03/2021
Reeditado em 31/10/2022
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