Transporte Público e Pandemia
O prefeito de Maceió, quando candidato, visando angariar votos da população mais pobre, prometeu baixar o preço da passagem de ônibus, que já era a mais baixa do Nordeste. Ao assumir, cumpriu a sua promessa, baixando em trinta centavos o valor da passagem. Até aí, tudo muito bem, para quem depende do transporte público.
Entretanto, com a volta do alto índice de contaminação da covid-19, novas medidas restritivas foram adotadas tanto pelo governo estadual, quanto municipal. Vê-se, então, a cobrança às empresas de transporte para aumentar a sua frota e reduzir o número de passageiros em cada ônibus. Ou seja, aumentando seus custos e reduzindo as receitas. Mesmo diante de todas essas polêmicas, a televisão estava mostrando as superlotações desses ônibus, com passageiros sinalizando das janelas, com as mãos, indicando a elevada aglomeração, pessoas coladas umas às outras.
Em outros ambientes estão lá as marcas, indicando ao menos 1,5 metro de distância. No transporte público essa regra não vale. Como diria o personagem de Chico Anysio, Justo Veríssimo, "pobre que se exploda". Acontece que esse pobre vai trabalhar na casa do menos pobre ou até mesmo do rico. E traz de carona aquele bichinho invisível.
Minha mulher e eu, que já estamos no grupo de risco, e agora já demostrado que o vírus não só ataca idosos, por questão de prevenção, demos uma trégua à nossa empregada doméstica, sem nenhum prejuízo financeiro para ela. Antes, estávamos pagando Uber para que ela evitasse o transporte público. Mas, considerando que seu bairro não é tão próximo, o custo estava sendo alto. Assim, sendo apenas o menos pobre e não o rico, optamos pela trégua.
Felizmente, ainda estamos saudáveis, podendo realizar alguns trabalhos domésticos. E quem não pode?
_ "Pergunte aos universitários."