A mariposa


Tudo estava escuro no meu quarto e eu só ouvia o bater apavorado das asas no teto e nas paredes. Adivinhei que era a prima das borboletas, porque essas últimas não voam à noite e seu vôo é discreto e leve. Com a lanterna do celular vi a mariposa, que sossegou na parede, cega com a luz forte. Daí pensei algumas coisas:
O escuro não é a ausência de luz, mas a luz escondida... Assim é nossa vida, quando estamos nas trevas. Mas a luz está conosco!

A mariposa é tão desajeitada, tão desengonçada e ruidosa! Quero ter pensamentos de borboleta, suaves e leves... Os pensamentos pesados de mariposa, fixarei na parede, para que não voem dentro de mim!

A luz forte, cega! É como a escuridão!

Por fim, lembrei da notável canção de Renato Russo: "escuridão já vi pior / de endoidecer gente sã / espera que o sol já vem"!... Êta esperança! Você que devia voar por aqui!