Os canhões do senhor Navaronne
Após quase 12 anos, a ação trabalhista que Eurípedes Navaronne moveu contra a empresa lhe deu ganho de causa com um valor considerável. Ele perdeu o braço direito e alegou falta de equipamentos de segurança para o desempenho da sua função.
A essa altura, suas três filhas, 26, 22 e 20 anos, para as quais a natureza não lhes presenteou com a beleza (e os genes nem poderiam), estavam sofrendo de obesidade mórbida. Além de feias, obesas. E a vizinhança não perdoava. Sempre que eram vistas não faltava quem comentasse: “Olha lá os canhões do senhor Navaronne”. - “Ontem os canhões do Navaronne estavam na missa”. - “Quem vai querer casar com uns canhões daqueles?”, e assim por diante. Sempre por trás.
Mas a fortuna do pai daria um fim nessa maldade. As irmãs ficaram por mais de 9 meses sem serem vistas e quando todos apostavam numa viagem longa ou... sabe Deus o quê, o mistério foi descoberto.
O assunto veio à tona quando seu Antenor, 80 anos e atento a tudo, comentou em uma manhã de domingo quando sua família estava reunida.
- Semana passada passaram por aqui os canhões do Navaronne. Quase nem reconheci... Tão magras... Será que tomaram chá de pólvora?”.
- Não sogro, interveio uma de suas noras. - Elas fizeram cirurgia bariátrica. Reduziram o estômago. Não vão mais poder comer tanto...
Após alguns minutos ouvindo mais informações sobre o assunto, seu Antenor disparou:
- Agora sim. E já estão em ponto de bala.
Canhão, pólvora e balas? Então a guerra vai começar. Financiamento é que não deve faltar.
Em tempo: A mãe das novas beldades também pensa em modificações. Mas nos Estados Unidos. Por aqui não encontrou quem se habilite.