PRA RIR, SÓ VOLTANDO AO TEMPO - BVIW
De repente olhar ao redor fitando a cozinha é mais que fitar uma cafeteira, um filtro ou um pano de prato. Faz tempo não uso a pipoqueira. O pão branco deve sair do cardápio e o vinho está na geladeira. Para driblar minha falta de cor abri uma cerveja. Minhas emoções não estão congeladas e se torna fácil chorar vendo TV.
O novo normal é mais surreal que plausível. Definitivamente eu devia ter aberto o vinho, só que bebida pode deprimir que eu sei e hoje mesmo recebi um vídeo dizendo que nesta época de pandemia, o melhor a fazer é divulgar mensagens positivas. Bonito o vídeo, mas não a realidade. Se o que nos cabe é divulgar utopia, ao escrever vou acabar fugindo do bom senso. Como eu gostaria de fugir como na música do Gil; deste lugar, baby. Antigamente o caminho era o aeroporto, e agora nem isso.
A verdade é que a vida das pessoas está mais para os ensaios do José Saramago que para o Imagine do John Lennon ou medo de avião do Belchior. Para variar fui numa banca de revista e comprei foi um volume do Snoppy. Descobri que nas tirinhas de 1967 o autor fazia muita referência a primeira guerra mundial. Tirando essas tinha umas tão pueris e engraçadinhas que me peguei soltando gargalhadas. Parecia que eu não era eu. E virando as páginas do bom e velho Charlie Brown by Schulz, eu descobri que era eu sim. Ali, velha, rindo.