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tá mais magra… com uma tatuagem de dragão na pá das costas.”

Ele entra no mercadinho e anda olhando pro chão, pois não quer que ela o veja. [“Pra que conversar?! Conversar sobre O QUÊ? Tanto tempo… ficar fingindo apreço e ao mesmo tempo indiferença. Mexer com… feridas.”]. “EEI!!” Ela grita e os olhares inevitavelmente se encontram. – Seus olhos estão vivíssimos, mas ela não está exatamente sorrindo. No susto, ele improvisa e acaba exagerando… dá o maior sorriso largo e um aceno abobalhado…Quando se aproximam ele abre os braços num abraço que caberia umas 3 pessoas, - talvez até um planeta inteiro – e então ela FINCA OS PÉS no chão, dando o lado da bochecha num cumprimento formal, frio… entre dois conhecidos e nunca jamais bons amigos. Uma conversa se inicia... Um diálogo que parece mais uma entrevista de emprego… em que os dois se põem a falar de conquistas… trabalhos, posições sociais… Ela olhando o relógio o tempo inteiro enquanto ele fala. Olha pros lados com suspiros impacientes, olha o relógio novamente… parece preocupada demais com as horas. Ele tenta terminar de contar sobre a sua vida banal, com voz trêmula… nervosa… quase gutural. Certo, então… Bom te ver!” – Ela diz, cortando o assunto, com olhar desdenhoso. Ele se entrega e desiste de falar…E também desiste de ser simpático. Fica sério e apático, se fecha, se emudece e ela entende… A conversa chegou ao fim. [“Ok. Você venceu, criatura divina. Ó mulher… superior.]. Ele pensa, tentando sorrir. Eles se afastam. Ele se sente diminuído e sem valor… é como se o tempo em que passaram juntos tivesse sido irrelevante pra ela. Mas agora, ao mesmo tempo, sente um pouco de alívio por não dedicar a ninguém mais… a sua vida simplória. Ela faz um aceno com o queixo, dando as costas e falando ao celular sobre algo que parece da MAIOR importância. Se afastam… Ele segue pelas ruas parecendo pintar o chão com os próprios olhos… de tão baixos e inquietos que estão. Ela vira a esquina e entra no shopping segurando o telefone com força na orelha… sua face está quente, fervendo… seus olhos começam a jorrar rios d’água por baixo dos Ray-ban escuros. Entra apressada no banheiro como quem abre uma catraca, invadindo um terreno, com intuito de morar ali para sempre… agarra-se ao telefone… os óculos vão ao colo junto com a bolsa… junto com as lágrimas. “E então…” - Pergunta o analista - “como foi? Como você está?”

… “COMO EU ESTOU??! Ahh…”