A perda
Sentado ao meio fio de uma calçada cabisbaixo, um velho homem murmurava. Na altura de seus quase noventa anos, sussurrava ao vento palavras desconexas de uma vida já sem sentido.
Comovido, me aproximei daquele velho homem e lhe toquei no ombro, oferecendo lhe um rosto amigo, um afeto de irmão. Ele me olhou fixamente nos olhos e transpassando me a alma como se olhasse um lugar no horizonte há muito perdido e, quase sem forças,mas muito lúcido me declamou:
-O sangue não corre mais, em teus vasos, apenas flores!