PROSEANDO RAUL & PAULO COELHO

( a ideia do texto surgiu de um bate papo na rede social com os amigos, o Poeta Novais Neto, Renê de Sá e Antônio Fernando de Oliveira, esse último o que fomentou a dialética de Raul Seixas para sair esta brincadeira)

Olhe prá mim! Vê que eu mudei porque não sou mais quem eu era. Foi difícil não ceder, não cair no chão. Hoje uma amiga da Colômbia voltou e riu de mim porque eu não "intindi" do que ela sacou: Eu já parei de fumar e cansei de acordar pelo chão. Muito obrigado, eu já estou calejado e não quero mais andar na contra-mão. A placa de contra-mão é o sangue no olhar do vampiro e as juras de maldição! Eu sei que determinada rua que eu já passei não tornará a ouvir o som dos meus passos.

Ok, o celebre, o celebre..... vocês sabem que existe um dicionário que saiu agora chamado de dicionário da censura. Um bicho de sete cabeças todas cheias de grilos. Se eu não tivesse traído morreria cercado de luz e o mundo hoje, então ,não teria a marca sagrada da cruz! Existem dois diabos, só que um parou na pista : Um deles é do toque; o outro é aquele do exorcista e eu sou o seu sacrifício.

Eu nasci há dez mil anos atrás e não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais, e aprendi a ler no rosto o que as pessoas não querem me dizer. Aprendi a ler na alma o que as pessoas não podem me esconder. Passei noites sem dormir naufragado em tanta dor, mas a vitória foi de outro qualquer. Teu ideal foi me abandonar! Tão só sem teu carinho a lembrar sozinho todo o nosso amor! Tão só pela noite escura cheio de amargura a chorar!

Bem, a reformulação reorganiza o jogo em que você está; então vamos começar do começo. Com confiança você vencerá e essa é a razão pela qual você nasceu. Não diga que a vitória está perdida se é de batalhas que se vive a vida, então tente outra vez! Tem dias que a gente se sente um pouco, talvez menos gente, em um dia daqueles, sem graça, vendo a chuva cair na vidraça; um dia qualquer sem pensar e sentindo o futuro no ar, o ar carregado e sutil.

Essa noite eu tive um sonho de sonhador maluco que sou! Eu sonhei com o dia em que a Terra parou. Eu até vou desdizer aquilo tudo que eu lhe disse antes, e eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, razão pela qual minha vó já me dizia prá eu sair sem me molhar e quem não tem colírio usa óculos escuro, porque perdi o medo da chuva já que chuva é minha amiga e eu não vou me resfriar!

O dia vem, o sol baila no espaço, e a solidão me segue passo a passo; a tarde morre, a noite cai e eu sigo além enquanto o meu amor não vem. Clamo aos céus: Papai não quero provar nada porque eu já servi à Pátria amada e todo mundo cobra minha luz!

A minha espera acabou porque o trem tá chegando, tá chegando na estação! É o trem das sete horas, é o último do sertão e me despeço olhando para o chão da minha terra queimando solto como chamas dançantes. Eu perguntei ao homem lá no céu se eu me mereço este tipo de dor porque foi tão fácil conseguir e agora eu me pergunto "E daí?"Eu tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar e eu não posso ficar aí parado .

Eu vi um velhinho sentado na calçada com uma cuia de esmola e uma viola na mão. O povo parou para ouvir e ele agradeceu as moedas e cantou essa música, que contava uma história, que era mais ou menos assim: Eu sou a mosca que pousou em sua sopa, eu sou a mosca que pintou pra lhe abusar. Eu sou a mosca que perturba o seu sono eu sou a mosca no seu quarto a zumbizar; então então: Plunct Plact Zum não vai a lugar nenhum! Plunct Plact Zum não vai a lugar nenhum!

Agora veja cumpadi a safadeza começou a marvadeza, todo bicho vem prá cá num planto capim-guiné prá boi abaná raboe tô virado no diabo, eu tô retado cum você que tá vendo tudo e fica aí parado com cara de veado que viu caxinguelê.

Eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que eu quis mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado e que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar, porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais no cume calmo do meu olho que vê e assenta a sombra sonora dum disco voador.

Fim