No mesmo dia: Patativa e eu
É raro ver entre os olhos
Uns olhos como estes teus,
Neles vejo o quanto pode
A mão criadora de Deus.
Patativa do Assaré
1. Hoje, 5 de março, amanheci lendo um poeta genial. Antônio Gonçalves da Silva é o seu nome de batismo. No mundo dos vates verdadeiros ele é conhecido como Patativa do Assaré. Extraordinário poeta, Patativa foi um cantador impecável das belezas e agruras do sertão nordestino.
"Eu canto o sertão querido/ A fonte dos meus poemas/ Onde se escuta o tinido/ Do grito da sariema/ E onde o sertanejo véio/ Observa os Evangéios/ E nas noites de luá/ Sirrindo, alegre e ditoso/ Conta istora de Trancoso/ Pra o seu neto iscutá".
2. Patativa nasceu no dia 5 de março de 1909, na pequenina Serra de Santana, povoado distante 18 quilômetros da cidade cearense de Assaré; e em Assaré morou até morrer, no dia 8 de julho de 2002, aos 93 anos, portanto. Morreu ouvindo os passarinhos que ele tanto cantou e amou.
3. Não frequentou colégios e nem universidades. Seu colégio e sua universidade foi o sertão cearense. Sem diploma e sem anel, por incrivel que pareça, ele deixou centenas de poemas hoje reunidos em vários livros. Merecendo destaque o livro "Cante lá que eu canto cá", onde o amigo vai encontrar "A triste partida", poema musicado por Luiz Gonzaga e que faz o nordestino chorar...
4. Pois é. De repente me deu vontade de escrever sobre Patativa, o ilustre aniversariante. Não há dificuldades: sempre se tem o que dizer e escrever sobre ele e sua atraente obra. Mormente por quem, como eu, viveu o dia a dia do sertão, seus encantos e desencantos. Suas alegrias e suas tragédias.
5. Escrever sobre Patativa e não transcrever pelo menos um dos seus poemas é inadmissivel. Vejam o soneto que ele escreveu sobre sua terra natal.
Minha serra
Quando o sol ao Nascente se levanta,
Espalhando os seus raios sobre a terra,
Entre a mata gentil da minha Serra,
Em cada galho um passarinho canta.
Que bela festa! que alegria tanta!
E que poesia o verde campo encerra!
O novilho gaiteia, a cabra berra,
Tudo saudando a natureza santa.
Ante o concerto desta orquestra infinda
Que o Deus dos pobres ao serrano brinda.
Acompanhada de suave aragem,
Beijando a choça do feliz caipira,
Sinto brotar da minha rude lira
O tosco verso do cantor selvagem.
6. Pois não é que nasci no mesmo dia do Patativa! No dia 5 de março, no século passado, também numa pequenina cidade, Carius, no alto sertão cearense.
Por causa desse virus sacana, nem para a missa posso ir. E muito menos, com Ivone, tomar um bom vinho no restaurante de nossa preferência. Esse ano não tem velinhas para soprar... La-men-tá-vel... porque gosto.
7. "Nascuntur poetae..."; traduzindo: Poetas nascem, diziam os romanos da antiga Roma. Patativa nasceu poeta; eu não. Nunca escrevi um verso. Nem pros meus amores nos meus tempos de mancebo apaixonado. Inda bem que tenho o Patativa que me permite festejar meu aniversário lendo seus lindos versos.
Nota - Grato aos que se lembrarem deste feliz cronista...
É raro ver entre os olhos
Uns olhos como estes teus,
Neles vejo o quanto pode
A mão criadora de Deus.
Patativa do Assaré
1. Hoje, 5 de março, amanheci lendo um poeta genial. Antônio Gonçalves da Silva é o seu nome de batismo. No mundo dos vates verdadeiros ele é conhecido como Patativa do Assaré. Extraordinário poeta, Patativa foi um cantador impecável das belezas e agruras do sertão nordestino.
"Eu canto o sertão querido/ A fonte dos meus poemas/ Onde se escuta o tinido/ Do grito da sariema/ E onde o sertanejo véio/ Observa os Evangéios/ E nas noites de luá/ Sirrindo, alegre e ditoso/ Conta istora de Trancoso/ Pra o seu neto iscutá".
2. Patativa nasceu no dia 5 de março de 1909, na pequenina Serra de Santana, povoado distante 18 quilômetros da cidade cearense de Assaré; e em Assaré morou até morrer, no dia 8 de julho de 2002, aos 93 anos, portanto. Morreu ouvindo os passarinhos que ele tanto cantou e amou.
3. Não frequentou colégios e nem universidades. Seu colégio e sua universidade foi o sertão cearense. Sem diploma e sem anel, por incrivel que pareça, ele deixou centenas de poemas hoje reunidos em vários livros. Merecendo destaque o livro "Cante lá que eu canto cá", onde o amigo vai encontrar "A triste partida", poema musicado por Luiz Gonzaga e que faz o nordestino chorar...
4. Pois é. De repente me deu vontade de escrever sobre Patativa, o ilustre aniversariante. Não há dificuldades: sempre se tem o que dizer e escrever sobre ele e sua atraente obra. Mormente por quem, como eu, viveu o dia a dia do sertão, seus encantos e desencantos. Suas alegrias e suas tragédias.
5. Escrever sobre Patativa e não transcrever pelo menos um dos seus poemas é inadmissivel. Vejam o soneto que ele escreveu sobre sua terra natal.
Minha serra
Quando o sol ao Nascente se levanta,
Espalhando os seus raios sobre a terra,
Entre a mata gentil da minha Serra,
Em cada galho um passarinho canta.
Que bela festa! que alegria tanta!
E que poesia o verde campo encerra!
O novilho gaiteia, a cabra berra,
Tudo saudando a natureza santa.
Ante o concerto desta orquestra infinda
Que o Deus dos pobres ao serrano brinda.
Acompanhada de suave aragem,
Beijando a choça do feliz caipira,
Sinto brotar da minha rude lira
O tosco verso do cantor selvagem.
6. Pois não é que nasci no mesmo dia do Patativa! No dia 5 de março, no século passado, também numa pequenina cidade, Carius, no alto sertão cearense.
Por causa desse virus sacana, nem para a missa posso ir. E muito menos, com Ivone, tomar um bom vinho no restaurante de nossa preferência. Esse ano não tem velinhas para soprar... La-men-tá-vel... porque gosto.
7. "Nascuntur poetae..."; traduzindo: Poetas nascem, diziam os romanos da antiga Roma. Patativa nasceu poeta; eu não. Nunca escrevi um verso. Nem pros meus amores nos meus tempos de mancebo apaixonado. Inda bem que tenho o Patativa que me permite festejar meu aniversário lendo seus lindos versos.
Nota - Grato aos que se lembrarem deste feliz cronista...