Uma reflexão sobre dois mil e vinte

O dia era 31 de dezembro de 2020. Chegava ao fim mais um capítulo e isso era mais uma reflexão que eu fazia aos mais chegados...

Ainda bem! - digo eu, que tenho certo receio de perceber o tempo passar, pra vocês terem uma ideia como as coisas se desenrolaram esse ano.

Talvez alguns aqui que me acompanham um pouco mais de perto sabem que todo final de ano eu escrevo umas besteiras por aqui, das quais vocês não precisam saber, mas eu faço questão de falar. Quem ja tirou um tempo pra tomar uma cerveja comigo sabe na prática o que isso pode significar.

Produtivas ou não, bem escritas ou não, todo ano eu faço umas reflexões sobre vários nadas.

Esse ano não será diferente, embora tenha sido bastante diferente de todos os outros anos.

2020 foi um ano bem pesado e acho que nesse sentido falo por todos nós. Feliz por aqueles que conquistaram alguma coisa, seja o que for. Um emprego ou uma promoção no trabalho, concluir os estudos, se casar, ter filhos, um imóvel ou carro... enfim...

Triste, com maioria, que perderam alguma coisa nesse ano. Um emprego ou uma promoção no trabalho, tiveram que parar os estudos ou pior: perderam alguém querido.

Não poderia, de forma nenhuma, deixar de lembrar que, pelo menos pra mim, esse foi o pior natal de todos. A gente mal conseguiu se juntar pra tomar uma cerveja ou pra se reunir com a família, como de costume. Os que o fizeram, de repente se depararam com algumas pessoas faltando na mesa. Talvez aqueles lugares vazios não sejam preenchidos nunca mais.

Se a vida cega e o cego segue, o que esperar dos próximos meses?

É duro, foi um ano de muita reflexão e realmente espero que possamos sair melhores de tudo isso. Entretanto, eu, que nunca fui muito crente de nada, vejo que a esperança anda meio abalada. De repente é mais negócio acreditar na teoria do povo maia, em que o mundo acabou em 21/12/2012. De repente é mais negócio esquecer que, em algum lugar e em algum momento, alguém interpretou errado o que eles quiseram dizer.

No meio dessa bagunça toda, ainda procuro os motivos.

- do que?

Eu também não sei, simplesmente os motivos. As razões. Os motivos. O rumo. O sentido. Os porquês. A direção.

Aprontei várias nos ultimos anos e saí ileso de [quase] todas. A sensação do improvável mexe muito comigo, enquanto a certeza do “nunca mais” me deixa sem chão.

No final das contas, só queria que as pessoas pudessem ter um final de vida mais digno. A culpa talvez não seja nossa e nós lidamos muito mal com a famigerada ‘morte’. No mais, é cruel demais não podermos nos despedir de quem amamos.

Talvez eu nunca tenha entendido direito com que cabo levo a minha vida, mas 2020 me mostrou de uma forma dura que a vida é realmente um sopro e que devemos aproveitar cada segundo com quem estamos.

Crescemos numa sociedade onde o ideal é sempre engolir o choro, secar as lágrimas, esconder os sentimentos e levantar a cabeça independente da força da pancada. Conheço algumas pessoas que nunca disseram um “eu te amo” para os próprios pais. Felizmente quebrei esse paradigma e consegui dizer isso para eles no tempo certo. Disso eu não morro mais.

Eu já precisei dizer adeus pra um monte de gente que eu queria que ficasse, mas eu sempre digo: minha vida é uma eterna “idas e vindas”. Tem sempre alguém se despedindo e quase sempre alguém sentando na mesa e se apresentando.

Algumas partiram sem que eu quisesse. Outras simplesmente partiram. Outras chegaram. Algumas mais ainda estão chegando.

Algumas, inclusive, chegaram e já se foram.

A principal lição que ficou foi: A mudança é a unica constante... Tudo é impermanente... enfim, como quiserem.

Foi ano onde eu cheguei a muitas conclusões e a nenhuma resposta.

Se não sabemos o que estamos fazendo aqui, por que ficar, então?

Porque é justamente essa a resposta a qual não temos que nos mantém mais vivos do que nunca.

E se por acaso eu nunca encontrar o sentido da vida, vocês que me desculpem, mas eu vou morrer procurando. Uma certeza eu tenho: não é acumular patrimônio.

Se for, a vida é uma grande decepção a qual eu ainda desconheço.

Espero que o próximo ano seja uma constante evolução nossa como comunidade, afinal de contas, 2020 pode ter sido um pontapé inicial para difíceis anos daqui pra frente. Há quem diga que o próximo mês de janeiro vai ser o mais triste dos ultimos tempos. O jeito é esperar pra ver.

Luto por varias coisas, mas principalmente por aqueles que se foram e pra manter a esperança de dias melhores.

Pra não quebrar a tradição, peço licença e vou tomar minha cerveja.

Paz e bem sempre!