Pura Verdade
Tenho que me enganar! Sempre.
Engano-me.
Por que sou quem não sou na vida viva?
Na vida morta me sinto vivo.
Esbanjo-me com as delícias do ser nada.
Do crer em nada, nem em mim.
Não vivo, não nada, não fala,
Sóbrio sou eu!
Quando nas incógnitas da mansidão do espaço sideral,
Embriago-me fácil com tudo pronto.
Não termino nada de começo, não existe o começar.
Deixo tudo, penso nos entes, morte e medo.
Medo do tudo, da sistematização demasiada humana.
Confusão do mundo na cabeça dos letrados.
Clareza nos versos falsos.
Do nada o sonho!
Do nada a vida!
Do nada a lida!
Nem se for para lidar comigo mesmo.
Ajudo-me a ser-me. Eu.
A compreender meu mundo.
Satisfaço-me no nada e,
Dele do nada,
Alegremente retiro o tudo!