T e l e g r a m a
QUANDO era aluno do curso ginasial (único diploma que possuo)havia um professor de português que sempre orientava os alunos a escrever textos evitando adjetivos (principalmente a repetição de sinônimos dos ditos cujos). Dizia que as composições, descrições e dissertações deviam ser enxutas, evitando repetições. E gritava: - Evitem adjetivos.
Ainda hoje alguns professores continuam fazendo essa recomendação. É preciso queos textos sejam curtos, objetivose sem abusar dos adjetivos. E hoje como ontem sempre citam Graciliano e Hemingway como exemplos de escrita enxuta.
Nada contra, mas acho que seguir um esquema fixo, reduzindo a linguagem, enxugando e revisando à exaustão pode, com certeza, castrar a criatividade e o estilo. Talvez no jornalismo isso seja adequado, mas ma crônica, conto, novela e romance pode não dar certo. Essa mania de reduzir os textos afigura-se-me como um entrave. Pessoalmente estou hoje escrevendo de forma reduzida devido aos achaques da idade, mas não abandono meu estilo e nem deixo meus adjetivos.
Certa feita, num dos momentos que o professor fazia uma das suas pregações sobre a arte de escrever sem adjetivos e de forma enxuta, eu perguntei a ele se não seria mais prática redigir um telegrama. O profssor me botou pra fora da sala de aula. Inté.