Finados e Halloween
 


              Já que estamos importando as comemorações do Dia das Bruxas, bem que poderíamos importar também costumes  de outros países para enriquecer nossa cultura. Uma das mais interessantes comemorações a serem importadas seria a de Finados. 
         
          Nessa ocasião, nós os brasileiros, mandamos limpar os túmulos de nossos mortos e vamos visitá-los, chorosos,levando flores e velas. Trava-se uma luta surda entre ambulantes que aproveitam para vender seus produtos sem pagar impostos e os comerciantes do ramo, mas pelo menos por um dia os cemitérios ficam limpos, arrumados e iluminados.Trocam-se as flores de plásticos já desbotadas por outras novas e também descobrimos que nossos túmulos foram saqueados.E além de visitar nossos mortos visitamos também os dos amigos e os dos  famosos ou miraculosos. Depois da obrigação cumprida, a menos que o morto que vamos visitar seja perda recente em nosso coração e ainda não nos acostumamos com ela, voltamos para casa e tocamos a vida, que a vida é uma só e temos que vivê-la dia-a-dia, sem muita tristeza. 

           Mas, no México, as coisas se passam de maneira diferente. No México é uma festa. Nesse dia há uma grande comemoração, quando os vivos oferecem aos mortos tudo o que eles gostavam quando ainda não eram mortos e enfeitam casas e ruas com o que de melhor possuem. Mas tudo mesmo, inclusive comida e bebida, instrumentos de trabalho e diversão e outras coisas que só indo lá para ver.Ou então, usar a imaginação... A festa começa de véspera, quando as famílias vão limpar e decorar o cemitério para a festa.Mais parece um carnaval. E aí eles vão levando as coisas que os mortos deixaram e não puderam levar mas que gostariam de continuar a ter. A comemoração vara a noite, com gente comendo e bebendo e dançando e cantando, namorando por entre os túmulos,  esperando a madrugada, que é quando os mortos chegam para a confraternização anual dos mortos e vivos.Por todos os lugares se encontram para vender as caveiras de marzipã, açúcar e chocolate, pães modelados como ossos e uma flor amarela, que amarelo é a cor dos mortos. É uma flor de nome impronunciável, que é conhecida como a flor do morto e que os ajudam a encontrar o  caminho até que o achando nem precisam mais voltar. Com essa flor os mexicanos enfeitam as ruas e as mesas e os túmulos e as vitrines que também é uma festa que gera renda e faz a economia funcionar. Preparam-se altares nos cemitérios, nas casas e nas Igrejas.Não se conhece comemoração semelhante em nenhuma parte do mundo. Aqueles que não passam a noite nos cemitérios e comemoram em casa, vão de manhãzinha para o cemitério continuar a festa. Imagino que abusos devam acontecer, principalmente em sendo o México um país latino, com um povo bastante parecido com o nosso em suas manifestações de tristeza e alegria. É uma forma de mostrar suas próprias crenças, a certeza que se tem que a morte não é nada demais, não é um fim em si, mas um recomeço. Qual de nós, tendo parentes e seres queridos que já a enfrentaram não os trás de volta em algumas ocasiões? Meus mortos sempre me visitam, em momentos especiais ou não, eu sinto que eles estão juntos de mim. As vezes em momentos de tristeza as vezes em momentos de alegria. Meus mortos são fantasmas que não me assustam e deve ser muito bom ter um dia determinado em que todos eles voltem  com hora mais ou menos marcada para comemorar conosco. A vida e a morte são duas faces da mesma moeda já disse alguém que não sei quem, mas isso gravei em mim e agora é meu .
 
          Usei um pouco de ironia ao escrever esse artigo porque ao escrever sob Hallowenn recebi críticas indiretas por defender a opinião de que nossas escolas não deveriam comemorar o Dia das Bruxas da forma como ele é comemorado nos EUA mas sim, utilizando as nossas assombrações, nossos usos e costume .
Respeito os costumes de outros povos, mas acho que eles não devem ser impostos a ninguém, o que não significa que não ame conhecê-los. Esse costume mexicano por exemplo é uma delícia tão grande que me ponho a imaginar o que eu poderia levar para os meus mortos queridos.