Praticando o impossível

Um dia um sábio me disse: "A vida é procurar fazer o impossível com o possível". Olha, então, eu devo mesmo parabenizar o Brasil. Digo isso pois é um grande feito normalizar o absurdo a este nível.

É com grande pesar, mas também com uma espécie de espanto amargurado, que anuncio hoje, oficialmente, o absurdo como parte da política. Não foi uma decisão fácil, talvez até impossível, mas conseguimos. Apesar dos trancos e barrancos, está aí: O absurdo é política oficial, uma verdadeira conquista do plano público e privado - especialmente deste último.

Para os que não sabem como conseguimos este importante e lastimável integrante; detalharei agora para os leigos. Primeiro, arrumamos toda a casa; depois, colocamos fogo em toda a mobília. Após isso, com as chamas consumindo a casa, fomos buscar o café que estava no fogão. Direramente depois de entoar o amargo líquido na xícara, fomos para a poltrona da sala. Infelizmente, tinha um gato dormindo nela, então tivemos que retirá-lo e deixá-lo ser consumido pelas chamas - nada demais, apenas praxe para salvar a economia de nosso tempo e as cargas psíquicas que constituem a nossa saúde mental; todos nós merecemos um descanso, não? Então, após muito tempo esperando e sentindo calor, começamos a sentir um certo receio de que o nosso convidado não iria se fazer presente. Leido engano, pois, em um minuto, ao olharmos para a porta, o absurdo estava lá. O convidamos para entrar. Na hora de ouvi-lo, ficamos maravilhados com seu compromentimento, pois descobrimos que ele já estava lá o tempo todo, apenas esperando e rodeando a casa - que ser maravilhoso, não?

Por fim, fizemos todos os acordos e preparativos para a sua entrada oficial na política - algo que ele aceitou veementemente, mesmo sendo alguém difícil de se contactar para um trabalho integral.

Enfim, após essa curta história sobre uma longa caminhada, deixo para vocês o veredito: Somos sensacionais ou não somos?