A MERCÊ DA SORTE.

É preciso ter coragem…

Que Brasil é esse?

A política é um circo de horrores, nada menos do que isso senhores e senhoras. Estamos cercados de políticos corruptos, ladrões disfarçados de mocinhos, se fazendo de bons samaritanos, quando, na verdade, são lobos devoradores. Fazem os seus discursos ensaiados, ludibriam o povo com promessas vazias, colocam-se como senhores da situação. Cada um conta a sua mentira, tantas vezes quanto puderem, até que, de tanto repetir, tais mentiras são vistas como verdade.

É preciso ter coragem…

Que mundo é esse?

É tanta mentira que me fez lembrar de uma fábula, que fala justamente sobre a verdade é a mentira. Diz assim:

Certa vez, a Mentira e a Verdade se encontraram.

A Mentira, dirigindo-se à Verdade, disse-lhe:

- "Bom dia, dona Verdade!"

Zelosa de seu caráter, a Verdade, ouvindo tal saudação, foi conferir se realmente era um bom dia. Olhou para o alto, não havia nuvens de chuva; os pássaros cantavam; não havia cheiro de fumaça na mata; tudo parecia perfeito.

Tendo se assegurado de que realmente era um bom dia, respondeu:

- "Bom dia, dona Mentira!"

- "Está muito calor hoje, não é mesmo", disse a Mentira.

Realmente o dia estava quente demais. Desse modo, vendo que a mentira estava sendo sincera, começou a relaxar, a "baixar a guarda". Por qual razão haveria de desconfiar, se a mentira parecia tão cordial e "verdadeira"?

Diante do calor insuportável, a Mentira, num gesto de aparente amizade, convidou a Verdade para juntas se banharem no rio.

Como não havia mais ninguém por perto, a Mentira despiu-se de suas vestes, pulou na água e, dirigindo-se à Verdade, disse-lhe, insistentemente:

- "Vem, dona Verdade, a água está uma delícia, simplesmente maravilhosa."

O convite parecia irrecusável. Assim sendo, dona Verdade, sem duvidar da mentira, despiu-se de suas vestes, pulou na água e deu um bom mergulho.

Ao ver que a Verdade havia saltado na água, rapidamente a Mentira pulou para fora, em segundos vestiu-se com as roupas da Verdade que estavam à margem e se mandou sorrateira. Tendo suas roupas furtadas, a Verdade saiu da água e, por sua vez - ciosa de sua reputação -, recusou-se a vestir-se com as roupas da Mentira, deixadas para trás. Certa de sua pureza e inocência, nada tendo do que se envergonhar e não tendo outra opção que lhe fosse coerente, saiu nua a caminhar na rua. Desde então, aos olhos das pessoas, ficou mais fácil aceitar a mentira vestida com as roupas da Verdade do que aceitar a Verdade nua e crua.

É uma belíssima reflexão, justamente o que acontece no alto escalão de nossa política. Um bando de mentirosos vestidos de verdade, enquanto nos bastidores, a verdade caminha nua e crua na face envergonhada daqueles que realmente desejam fazer algo de bom. Não estou defendendo 'esse' ou 'aquele', direita ou esquerda, pouco me importa o lado, se é debaixo para cima ou de cima para baixo. Não importa a sigla do partido, o que importa de verdade, é que todos os políticos eleitos legitimamente, lá fora empossados para fazerem o melhor para a nação, não para si mesmo é seus egos… Mas, como nada nesse país funciona de 'Verdade',, ficamos por aqui, aguardando as cenas dos próximos capítulos, a mercê da própria sorte.

( T.P) ( A.L )

Tiago Macedo Pena e Alberto Lispector. ( A. L )
Enviado por Tiago Macedo Pena em 28/02/2021
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