Meu Mandacaru
Assim como o umbuzeiro é considerado "a árvore sagrada do sertão", também o mandacaru pode ser considerado "o cacto sagrado do sertão."
O lugar em que morávamos, na infância, no sertão pernambucano, tinha o nome de Mandacaru.
Meus pais e seus cinco filhos ali moravam, numa pequena fazenda. Era um triângulo divido em três partes, entre três irmãos, separado por cercas. Cada um com suas vaquinhas, seu curral, seu plantio de palmas para resistir eventuais secas. Ali tínhamos o nosso leite, o queijo e a manteiga.
Era ali o nosso mundo, enquanto tínhamos água da chuva. Tudo ali era maravilhoso. Tínhamos açudes e uma grande lagoa. Só que a água em abundância era apenas na época das trovoadas. Passando esse período, vinha a seca e tudo ficava muito difícil. Nem água tinha para dar ao gado. Assim, mudavámos para um lugarejo conhecido por Barrinhas, às margens do rio São Francisco.
No antigo Mandacaru, às margens da lagoa, ainda existe um juazeiro muito grande, onde a gente costumava aproveitar sua sombra para ali descansar.
Hoje, com a agricultura irrigada, tudo ali melhorou. Ainda tenho dois irmãos que moram lá, com agricultura diferenciada. E o melhor, água ali não falta mais, graças a Deus.