A PASSAGEIRA
O trem balança serpenteando sobre os trilhos.
Os pés da passageira misteriosa, juntam-se aos meus.
As portas se abrem em movimentos contínuo;
as mãos suadas secam no pano da calça.
Ponho o fone no ouvido, a música embalada acompanham as batidas dos meus dedos.
Como onça que observa sua vítima, reserva o papo rotineiro, mas não há diálogo.
Estranha beleza escondida por detras daquela máscara de covid-19, traz-me desconforto e desconfiança.
É a dinâmica do reconhecimento contínuo, que nunca chega a tempo.
O chão é de cor verde, pisado por tanta gente como a gente; como cigana dos olhos bem desenhados, revelam que no saculejar acostumado de todos os dias, raras são os momentos de convívio e aconchego.
Ouvem-se a buzina forte do condutor que anuncia a chegada da próxima estação.
Como um imã que se atraem um ao outro, é interrompido pela vendedora de café, chocolate e bolo caseiro.
A misteriosa é séria e compenetrada; não se intimida com qualquer reação adversa.
É a intimidade desviando do percurso certo; é a bem desejada do caminho não correto.
É como uma bússola que guiam os mais afoitos e aloprados; dos cegos que só querem enxergar o prazeiroso.e desprezam o próprio caráter.
Fujam dos brilhos dos teus lábios atraentes, dos contornos e das silhuetas detalhadas; dos sorrisos belos, dos seus dentes clareados.
Que os teus abraços não sejam teias atraentes; laços de afinidades, morte precocemente.,