A PASSAGEIRA


     O trem balança serpenteando sobre os trilhos.
     Os pés da passageira misteriosa, juntam-se aos meus.
     As portas se abrem em movimentos contínuo; 
     as mãos suadas secam no pano da calça.
     Ponho o fone no ouvido, a música embalada acompanham as batidas dos meus dedos.
     Como onça que observa sua vítima, reserva o papo rotineiro, mas não há diálogo.
     Estranha beleza escondida por detras daquela máscara de covid-19, traz-me desconforto e desconfiança.
     É a dinâmica do reconhecimento contínuo, que nunca chega a tempo.
     O chão é de cor verde, pisado por tanta gente como a gente; como cigana dos olhos bem desenhados, revelam que no saculejar acostumado de todos os dias, raras são os momentos de convívio e aconchego.
     Ouvem-se a buzina forte do condutor que anuncia a chegada da próxima estação.
     Como um imã que se atraem um ao outro, é interrompido pela vendedora de café, chocolate e bolo caseiro.
     A misteriosa é séria e compenetrada; não se intimida com qualquer reação adversa.
     É a intimidade desviando do percurso certo; é a bem desejada do caminho não correto.
     É como uma bússola que guiam os mais afoitos e aloprados; dos cegos que só querem enxergar o prazeiroso.e desprezam o próprio caráter.
     Fujam dos brilhos dos teus lábios atraentes, dos contornos e das silhuetas detalhadas; dos sorrisos belos, dos seus dentes clareados.
     Que os teus abraços não sejam teias atraentes; laços de afinidades, morte precocemente.,

Celso Custódio
Enviado por Celso Custódio em 26/02/2021
Reeditado em 24/11/2021
Código do texto: T7194026
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