Crônica premiada no 1º Concurso de Crônicas da Academia Internacional da União Cultural - Categoria Acadêmicos Efetivos (2021)
Colocação: Menção Honrosa
Taubaté - São Paulo

 
 
Fazenda Apóstolo Simão
 

A manhã amanhece com aroma de café se torrando na Fazenda Apóstolo Simão. Olhos se despertam da janela que emoldura a lavoura. Cheiro caminhando lá do fundo da cozinha. À mesa posta para o café. O tio e o sobrinho sentados para o desjejum matinal. Vivas ao café pela vida que nos desperta.

Pés calçados rumam à lavoura. Pivôs águam em círculos que se convergem. Máquinas maquinam às mãos do homem. A colheita de cada fruto desprendendo-se dos galhos. Terreiro a se estender de cores. É verde azulado e verde-cana. É cor amarela e é cor chumbada. São frutos secando para nutrir o ser humano.

Meus olhos foram admirando aquilo tudo. A morada urbana é o meu reduto de sobrinho. Páginas que se escrevem é o meu trabalho. Não pude negar o convite do tio. Passar uma semana ali na Fazenda Apóstolo Simão. Feriar no campo é a mais serena féria de um professor. Sons que ouvidos ouvem da mescla da natureza e do trabalho do homem. Pássaros passarinhando com seus cantos canoros. Sensação boa de ciência que produz frutos.

Passeio pela lavoura num aprecio de encanto. Cumprimento de lavradores no sorriso de bom dia. Um ritmo ameno que transcorre no seu acelerado instante de tempo roceiro. O tio a explicar tudo ali em seus funcionamentos. O amadorismo do sobrinho nas perguntas ingênuas. O que é aquilo? O silo!  E isto? A colheitadeira! E aquilo outro? O pulmão! E a lembrança da primeira vez que vi o fruto-café. Meio avermelhado e adocicado na boca. E a surpresa ao saber que era ele o caldo preto das manhãs na quentura da xícara.

O café na cidade terá outro sabor agora. Um gosto de saber do esforço de sua metamorfose. Do germinar cafeeiro à sua alva floração. Do fruto colhido do pé à sua secagem no terreiro do chão. Da torra à moenda e do pó à coada.

A Fazenda Apóstolo Simão tem o zelo de seu santo nome. Tem a pedagogia de ensinar a um professor que os ensinamentos estão no olhar e no tato e no ouvido e no olfato. E que a história é mais sentida quando a leitura está nas páginas da vida.