Atualmente estamos todos sem poder ir ao cinema, ao teatro, sem poder assistir a um espetáculo de música. Eu, no entanto, privilegiada que sou, assisto, aqui da janela da minha sala, um espetáculo gratuito que a natureza me dá, todos os dias. Por incrível que possa parecer, eu moro no Rio de Janeiro, em Copacabana, e tenho uma floresta em frente à minha janela e o mar a três quadras. Agora, por exemplo, acabou de cair uma chuva que alegrou imensamente as árvores que estavam bem secas, com todo esse calor. O vento faz com que os galhos dancem e, juro que ouço a música que os embala. Dependendo da velocidade com que o vento chega, eles dançam valsas, boleros e, às vezes, até um frevo. A cor verde, nos tons mais variados, é entremeada de folhas secas que, como borboletas, saem voando libertas, em direção ao céu. Lá encontram os albatrozes que chegam em bandos, silenciosos, voando, bem alto, em círculos. Imagino que estão fazendo uma conferência, naturalmente tratando de assuntos importantes, relacionados à natureza, à educação, à igualdade para todos e a maneira mais ordenada de fazer um mundo melhor, mais solidário. Ao longe vejo alguns retardatários que, naturalmente, ficaram na balada ontem à noite e perderam a hora. Os pássaros, em grande quantidade, também habitam a floresta. Pela manhã eles pousam na minha janela e ali, fazem suas necessidades fisiológicas. Não me importo porque eles fazem uma cantoria só para mim. Bato palma de pé, principalmente para os bem-te-vis que mais parecem estar treinando para cantar no “The voice”. O beija-flor veio outro dia beijar umas flores que tenho sobre a mesa.
Sei que muitos moradores que têm essa oportunidade de viver aqui, perto da floresta e do mar, não apreciam todo esse espetáculo gratuito e que nunca sai de cartaz.
Sei que muitos moradores que têm essa oportunidade de viver aqui, perto da floresta e do mar, não apreciam todo esse espetáculo gratuito e que nunca sai de cartaz.