Minha Catarse pela Arte da Escrita.
Reflexão escrita em meu diário no dia 07 de novembro de 2019.
A primeira pergunta que me faço quando vou escrever é “como minha narrativa vai impactar a vida de alguém?” Não importa se é um conto, uma breve crônica ou um poema, o que faz valer a pena é saber que quando declaro o trabalho terminado e me vejo diante dele, enxergo ali mais que uma reflexão ou uma provocação. O que quer que sejam as palavras que floreiam minhas páginas, não importa! Todo o sentido está ali: a minha própria existência brincando de imortalidade.
Não se trata de um modismo do “encontre seu propósito de vida”. Para mim é muito mais que isso. Sinto como se eu sempre tivesse esse dom, mas que não tinha os parâmetros necessários para compreendê-lo ou, simplesmente, nominá-lo. Fiquei tão obcecada pelo que me diziam que eu devia buscar a respeito do meu futuro profissional, que negligenciei a mim mesma.
Agora que eu sinto esse impulso de dar sentido às palavras percorrendo minhas veias e explodindo nessas páginas, não quero mais me ver fazendo outra coisa da minha existência. Vocês já sentiram algo assim? Esse chamado que parece revirar sua vida do avesso? (Me sentirei muito grata se me responderem com franqueza).
Acima da escrita, a leitura sempre esteve comigo durante toda minha juventude e percebo que foi, justamente, quando abri mão dessa prática que me perdi. Costumava ler de 10 a 15 livros por ano em minha adolescência. Quando comecei a trabalhar e subir de cargos nas empresas às quais dedicava toda minha energia, não conseguia me nutrir de um hábito tão necessário para minha alma, minha essência. Por isso, constato que abrir mão de meus livros, foi o primeiro passo para me perder de mim mesma.
Agora que o universo literário escancarou suas portas para mim de uma forma tão visceral e também tempestuosa, pois mesmo recebendo tanto apoio, também estou cercada de descrédito, resolvi jogar as chaves e cadeados que me impediam fora, para abraçar um mundo de possibilidades que se revelam diante de mim.
Nunca me senti tão segura.
Nunca me senti tão firme em minhas decisões.
Nunca mais vou abrir mão da minha principal vocação, mesmo sabendo que tenho tantas outras florescendo em meu peito.
Nunca me senti tão eu, tão completa e tão entregue a uma razão de ser e existir como agora.
Sinto, acima de tudo, meu coração cheio de uma coragem genuína, digna do significado do meu nome. Como um antigo oráculo cumprindo uma profecia:
“Vou renascer junto de meu primeiro livro e vou sair desse mundo deixando uma última publicação como um de meus maiores legados.”
Mesmo não sendo imortal, minha escrita será, no mínimo, histórica: a narrativa do meu próprio tempo.