MARIA ANTONIETA
Na Academia Miliar de Agulhas Negras há uma sala de cinema, onde os cadetes podem se divertir assistindo a filmes previamente escolhidos por seus superiores. Foi o que me contou meu falecido marido que frequentou essa importante escola militar. Disse-me ele que em uma ocasião a sala estava lotada e viam o filme “Maria Antonieta”, uma biografia romanceada dessa bela e desafortunada princesa austríaca que veio a se tornar rainha de França.
A película se aproximava de seu final quando a rainha e seus dois filhos, o delfim e uma menina, fogem em uma carruagem rumo a Varennes após a insurreição popular e a tomada do Castelo de Versalhes, onde viviam. Era o início da Revolução Francesa e a queda da monarquia, cuja história conhecemos.
À medida que a carruagem avançava rumo àquela localidade, os alunos começaram a torcer para que os fugitivos conseguissem escapar. Eram gritos, assovios e bater de pés no chão. Essas sessões de cinema eram sempre acompanhadas por um superior para manter a ordem, nesse dia um major. Diante do barulho ensurdecedor, este pediu a interrupção do filme e as luzes foram acesas.
Pegos de surpresa, os cadetes murmuravam: Aaahh! Que pena! E o superior, então, foi até o palco e a eles se dirigiu:
“Não é preciso fazer todo esse barulho! Essa gritaria! Afinal, não adianta torcer, vocês não conhecem a história? Vamos terminar o filme, mas sem tumulto, por favor!"
Foi como um balde de água fria. Claro que conheciam o enredo, mas estavam acostumados a torcer por um final feliz...
...E a película terminou em silêncio e reflexão sobre essa triste história. E, também em silêncio, todos foram saindo, após terem assistido ao trágico fim dessa mulher, seu esposo, Luis XVI e seus filhos.