Gegê: um santo?
1. Semana passada, recebi uma carta de um morador da cidade de São Luiz do Maranhão. Nas primeiras linhas, o ilustre missivista, debochando deste cronista, chamou-o de getulista fanático e exagerado "torcedor" do presidente Getúlio Vargas. E fez esta provocação: "Pra você, o Gegê é um santo regularmente canonizado?".
2. Aproveitou para lembrar as mazelas da ditadura Vargas. E não perdeu tempo em apontar o ministro Felinto MÜller como o grande "torturador" do estado de exceção reinante.
E ainda recordou o que acontecera, na Alemanha nazista, com Olga Benário e Anita Leocádia, mulher e filha do lider comunista Luiz Carlos Prestes.
3. Fiz algumas pesquisas para responder a missiva do meu leitor de São Luiz. Na minha resposta, condenei os excessos da ditadura Vargas, muitos cometidos por aproveitadores, que se proclamavam "Getulistas, até a morte". Em todo regime de exceção, há bajuladores do ditador. Vi isso de perto durante a ditadura militar de 1964. Fui advogado de presos políticos.
4. Disse ao missivista, que nascera em plena ditadura do Gegê. Meu pai gostava do Getúlio à beça. Patriarca de uma família antiga - mulher e oito filhos -, o velho Raul exigia que todos fôssemos getulistas. E todos o seguiram. Sou, portanto, um getulista, desde que nasci.
5. O tempo foi passando. Getúlio foi deposto, mas voltou nos braços do povo; disse isso ao amigo de São Luiz, que parecia não conhecer muito bem a biografia do velho caudilho dos pampas.
Lembrei-lhe que Getúlio havia se suicidado por amor ao Brasil, como declarou, com todas as letras, na "Carta testamento", que deixou no quarto onde morreu. E lhe mandei, anexo, uma cópia.
6. Estava escrito: não é que tive a oportunidade de prestar, pessoalmente, minha homenagem a Getúlio, no dia de sua morte, 24 de agosto de 1954. Vejam a coincidência.
Nesse dia, 24 de agosto de 1954, servindo ao Exército brasileiro, eu me encontrava "de serviço", como sentinela, num quartel da Artilharia, em Fortaleza.
7. A notícia da morte - suicídio - chegou ao Comando por volta das oito da manhã; ou nove, não me recordo.
Imediatamente o batalhão entrou em rigorosa prontidão, convocada pelo toque de uma corneta chorosa, sob as ordens do Oficial de Dia.
E do quartel ouvia-se, de hora em hora, um tiro de canhão (festim) homenageando o presidente suicida.
8. Este acontecimento também contei ao meu ilustre leitor da Atenas brasileira.
Mostrando-lhe, ao mesmo tempo, que ser eleitor do Getúlio é como ser torcedor do Flamengo: fiel até a morte. Getúlio era um ícone; um ídolo.
O povo, mormente o povo menos favorecido, o idolatrava; tanto que dele recebeu o título de o "Pai dos pobres". Morreu como o pai dos descamisados, dos desdentados, dos sem nada.
9. Notando, como disse, que o meu leitor conhecia muito pouco da vida de Getúlio Vargas, o aconselhei a ler dois excelente livros sobre o querido caudilho: "Getúlio", três volumes, do escritor cearense Lira Neto.
Se preferisse um livro escrito com o coração, lesse "Getúlio Vargas, meu pai", escrito pela filha predileta do Gegê, Auzirinha Vargas. Segundo os escritores, a mulher que mandava no presidente.
Em tempo: Disse ao meu leitor e crítico que nunca houvera sequer pensado em canonizar o Gegê, como ele insinuara na sua longa carta.
1. Semana passada, recebi uma carta de um morador da cidade de São Luiz do Maranhão. Nas primeiras linhas, o ilustre missivista, debochando deste cronista, chamou-o de getulista fanático e exagerado "torcedor" do presidente Getúlio Vargas. E fez esta provocação: "Pra você, o Gegê é um santo regularmente canonizado?".
2. Aproveitou para lembrar as mazelas da ditadura Vargas. E não perdeu tempo em apontar o ministro Felinto MÜller como o grande "torturador" do estado de exceção reinante.
E ainda recordou o que acontecera, na Alemanha nazista, com Olga Benário e Anita Leocádia, mulher e filha do lider comunista Luiz Carlos Prestes.
3. Fiz algumas pesquisas para responder a missiva do meu leitor de São Luiz. Na minha resposta, condenei os excessos da ditadura Vargas, muitos cometidos por aproveitadores, que se proclamavam "Getulistas, até a morte". Em todo regime de exceção, há bajuladores do ditador. Vi isso de perto durante a ditadura militar de 1964. Fui advogado de presos políticos.
4. Disse ao missivista, que nascera em plena ditadura do Gegê. Meu pai gostava do Getúlio à beça. Patriarca de uma família antiga - mulher e oito filhos -, o velho Raul exigia que todos fôssemos getulistas. E todos o seguiram. Sou, portanto, um getulista, desde que nasci.
5. O tempo foi passando. Getúlio foi deposto, mas voltou nos braços do povo; disse isso ao amigo de São Luiz, que parecia não conhecer muito bem a biografia do velho caudilho dos pampas.
Lembrei-lhe que Getúlio havia se suicidado por amor ao Brasil, como declarou, com todas as letras, na "Carta testamento", que deixou no quarto onde morreu. E lhe mandei, anexo, uma cópia.
6. Estava escrito: não é que tive a oportunidade de prestar, pessoalmente, minha homenagem a Getúlio, no dia de sua morte, 24 de agosto de 1954. Vejam a coincidência.
Nesse dia, 24 de agosto de 1954, servindo ao Exército brasileiro, eu me encontrava "de serviço", como sentinela, num quartel da Artilharia, em Fortaleza.
7. A notícia da morte - suicídio - chegou ao Comando por volta das oito da manhã; ou nove, não me recordo.
Imediatamente o batalhão entrou em rigorosa prontidão, convocada pelo toque de uma corneta chorosa, sob as ordens do Oficial de Dia.
E do quartel ouvia-se, de hora em hora, um tiro de canhão (festim) homenageando o presidente suicida.
8. Este acontecimento também contei ao meu ilustre leitor da Atenas brasileira.
Mostrando-lhe, ao mesmo tempo, que ser eleitor do Getúlio é como ser torcedor do Flamengo: fiel até a morte. Getúlio era um ícone; um ídolo.
O povo, mormente o povo menos favorecido, o idolatrava; tanto que dele recebeu o título de o "Pai dos pobres". Morreu como o pai dos descamisados, dos desdentados, dos sem nada.
9. Notando, como disse, que o meu leitor conhecia muito pouco da vida de Getúlio Vargas, o aconselhei a ler dois excelente livros sobre o querido caudilho: "Getúlio", três volumes, do escritor cearense Lira Neto.
Se preferisse um livro escrito com o coração, lesse "Getúlio Vargas, meu pai", escrito pela filha predileta do Gegê, Auzirinha Vargas. Segundo os escritores, a mulher que mandava no presidente.
Em tempo: Disse ao meu leitor e crítico que nunca houvera sequer pensado em canonizar o Gegê, como ele insinuara na sua longa carta.