Velhice moral
Faço uso da palavra velhice como categoria moral para se referir a um certo tipo de ser humano, independente, da sua idade. Velhice para mim, não tem nada haver com medidas de tempo. Não é a idade cronológica de uma pessoa. Tem gente que já nasce velho; independente da sua idade. Juventude não é sinônimo de moderno, ao contrário, tem muitos jovens antigos. Velhice no sentido moral, não é uma pessoa presa ao passado. Até porque nem tudo que é passado é velho, como já dizia o poeta Cazuza, "eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades. O tempo não para". Velhice moral se relaciona com ideias fixas sem reflexão. É aquela pessoa que tem uma "opinião". Você já deve ter ouvido algo assim: "na minha opinião...". Pronto! Se você numa conversa já ouviu isso do seu interlocutor, se ela ou ele, tem opinião fixa sobre um determinado assunto e é intolerante à reflexão da própria opinião; você está diante da velhice moral. Uma espécie de "morto-vivo", um humano zumbi. Nietzsche tem uma frase que diz: "a cobra que não consegue livrar-se de sua casca morre. O mesmo acontece com os espíritos que são impedidos de mudar as suas opiniões; eles deixam de ser espírito". Um ser humano sem espírito, para o filósofo citado, é somente um rebanho preso a pastores criadores de opiniões fixas sem reflexão. Vagam no mundo como Zumbis agressivos. A velhice moral é este ser humano que recusa a metamorfose e que se nega reaprender constantemente sobre o mundo. Como diz Rubem Alves: "depois de velho virei menino". O olhar do menino que quer reaprender. Quando esse olhar do menino desaparece, o que nos resta? A velhice moral em qualquer idade. Zumbis.