CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2021

 
            A Campanha da Fraternidade neste ano de 2021 foi lançada na Quarta-feira de Cinzas, como acontece todos os anos. Trata-se esta de uma campanha ecumênica, para ser mais preciso, a quinta Campanha da Fraternidade Ecumênica. As 4 campanhas ecumênicas anteriores foram em 2000, com o tema Dignidade Humana e Paz; em 2005, com o tema Solidariedade e Paz; em 2010, o tema foi  Economia e Vida; em 2016, o tema foi Casa Comum, nossa responsabilidade. Agora em 2021, é o tema escolhido Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor.
            A proposta da Igreja Católica para esta campanha foi acatada pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), uma organização fraterna de Igrejas cristãs que por seus estatutos tem como missão fortalecer o testemunho ecumênico das Igrejas-membro, fomentar o diálogo inter-religioso e promover a interlocução com organizações da sociedade civil e governo para a incidência pública em favor de políticas que promovem a justiça, a paz e a integridade da criação.
            Há felizmente duas vertentes que relacionam a Igreja Católica com outras Igrejas: o ecumenismo, que diz respeito às igrejas cristãs e, o diálogo inter-religioso, que ocorre entre diferentes religiões não cristãs. Infelizmente, há também setores de várias Igrejas, inclusive da Católica, que se antepõem ao ecumenismo e ao diálogo com as outras religiões. A Campanha da Fraternidade de 2021 está a padecer de incompreensão, quando se observa “campanhas” de desapoio a ela, que partem desses segmentos.
            É contraditório até tal posicionamento, quando a Igreja Católica que se abriu ao ecumenismo e ao diálogo inter-religioso com o Vaticano II, sofre desses mesmos radicalismos que atingem, inclusive, o próprio Papa. As bases do ecumenismo são vistas no Decreto Conciliar Unitatis Redintegratio, ao afirmar que o que era antes proibido e até condenado, a partir do Concílio Vaticano II passou a ser incentivado como “sopro da graça do Espírito Santo e como sinais dos tempos” (UR n° 4).
          A Declaração Conciliar Nostra Aetate é inteiramente dedicado à relação da Igreja Católica com as religiões não cristãs. Mas, o documento firmado em 2019 pelo Papa Francisco e o Grande Imã Ahmad Al-Tayyib, do islamismo, ainda hoje é mencionado com rejeição por esses setores, ao invés de ser admitido como uma bússola para a cultura do diálogo.
            Diante disso, há de se indagar onde está a caridade no coração dessas pessoas. Se elas desprezam os irmãos porque pertencem a tal ou qual Igreja, que valor tem sua crença e seu amor? E mais, esquecem completamente de que Jesus Cristo fez uma unidade daquilo que era dividido (Ef 2, 14a). Que se contemple tudo aquilo que nos une, deixando-se de lado tudo aquilo que nos afasta.
            O mundo pós-moderno está à deriva e nele o que se sobressai é a individualidade, o egoísmo, o gozo, o prazer, a fluidez nas relações. Mais do que nunca as pessoas precisam das outras, do seu amor e dos seus cuidados, independentemente de seus conceitos e preconceitos. Não sejam as religiões causadoras de guerras nem as Igrejas seus instrumentos para a violência. Continuem cada um pensando a seu modo, mas amando a todos indistintamente. Deus ama o pecador, embora odeie o pecado.
          Estamos na Quaresma, que nos exige conversão. Assim, sem conversão interior não existe verdadeiro ecumenismo. Converter-se e crer em Cristo que nos convida às mudanças de mentalidade é o caminho, porque Ele não é o Salvador dos cristãos e nem dos católicos em especial, Ele é Salvador de toda a Humanidade.
Ailton Elisiario
Enviado por Ailton Elisiario em 22/02/2021
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