A pandemia e as lives dos artistas músicos

Agamenon Viana músico

Há quase um ano a pandemia do corona, deu carona para músicos levando-os às lives como o único escape para apresentações. Desde março do ano passado que o universo virtual dispõe apresentações caseiras de artistas variadíssimos, a maioria delas grátis. Como sabemos tudo muda no mundo velho e vivemos novos tempos de adaptação, como foi com a chegada da eletricidade, do gramofone, do disco de vinil, do CD e dos pendrives da vida.

As proibições dos governos fizeram com que as apresentações ao vivo fossem suspensas e a vaidade dos cantores e músicos teve que contar apenas com os olhos das câmeras pela internet. As lives evoluíram durante a crise sanitária. No início, eram intimistas, com o músico sozinho em casa, tocando e cantando. Com o tempo, grandes produções foram montadas, com vários músicos tocando juntos, em casa ou em teatros vazios. O formato agrega um público muito mais amplo, com alguns vídeos sendo assistidos por mais de um milhão de pessoas.

O bom de tudo isso é que artistas anônimos e de pouca fama puderam também mostrar suas execuções. Alguns esdrúxulos e porque não dizer exóticos e bizarros passaram a ter um alcance e se tornaram populares muito mais do que imaginavam à primeira vista. Como novidade engraçada e que se tornou conhecida no país inteiro cito a famigerada Caneta Azul, do maranhense Manoel Gomes. O Manoel é o tipo de artista que cai na graça do público devido à sua ingenuidade, à sua brejeirice com uma entonação de ligados e uma falta de ritmo desconcertante ao extremo para os dançam, os percussionistas e até mesmo os que diletantes de música com o mínimo de senso estético. O Manoel cria uma melodia que gruda no ouvido e reproduz em suas letras uma borra da pior espécie de cafonice ao nível abaixo de insuficiente.

Outra figura carnavalesca é o Socó do Pandeiro, este é um gênio do ritmo e da afinação, ele e o pandeiro, interpretando canções de Jerry Adriane, Beto Barbosa e outros. O homem se parece mesmo com a ave socó, canta toca e intercala sua voz com trechos de orquestração imitando trombone, assobiando e fazendo rir a muitos como eu.

As lives estão no You Tube e Faces, algumas serviram para arrecadar doações para artistas que ganhavam tubos de dinheiro e de repente se viram paralisados em suas agendas milionárias.

O vírus está sendo perseguido pelas vacinas, e é provável que em breve possamos voltar a frequentar teatros e casa de show ao vivo. Mas com a flexibilização da quarentena, surge a pergunta: qual é o futuro do formato no pós-pandemia? Imagino que a alternativa das lives assim como os serviços de delivery, vieram para dar um incremento e abrir novas sendas para o consumo e a comodidade de alguns não muito afeitos a se deslocarem para eventos a céu aberto e restaurantes.

Agamenon violeiro
Enviado por Agamenon violeiro em 22/02/2021
Código do texto: T7190429
Classificação de conteúdo: seguro