Jornal DN chegou ao fim depois de 39 anos na praça.
Sentar na praça e abrir seu jornal, lendo página por página as notícias do dia a dia. As colunas de esporte, de Tom Barros, a sessão Zoeira, a parte de economia, a jogada, as tretas políticas. O editorial, a opinião sempre abalizada de Edilmar Norões.
Eu me lembro que eu ia lá no Centro Cultural Banco do Nordeste em 1999 até 2012, ali na Rua Floriano Peixoto, no prédio da justiça, para ler os jornais do dia, acessar a internet, ver teatro, música, trocar idéias com pessoas, estudar.
O mundo digital corroeu todo o sistema, demitiu funcionários, extinguiu o impresso do Diário do Nordeste após 39 anos. O gosto de receber o jornaleiro de bicicleta em casa, com nossas revistas e jornais favoritos está cada vez mais no fim. Vivemos o tempo em que temos que fazer assinaturas digitais para ter acesso ao jornal em formato PDF, que temos que ler no tablet ou no celular.
Não quero nostalgia, quero sempre vivenciar coisas novas, mas não podemos deixar de sentir a perca de um veículo que vai deixar de rodar e de chegar nas nossas residências.
Não veremos mais os senhores com seus chapéus, suas bengalas, estilosos, com o jornal debaixo do braço se sentido super importantes. Vai se fechando um ciclo cada vez mais distante do mundo em que eu nasci.
Tenho 41 anos, sou mais velho que o DN, mas cresci com ele acompanhando os fatos mais marcantes, como a visita do Papa, títulos do futebol cearense, momentos marcantes da política local e nacional.
Fico choroso. Porque as lembranças são muitas. Vamos se situando com as modernidades, com o Facebook, com o Instagram, com o twitter, com ClubHouse. São tantas redes sociais, mas nada aplaca o sentimento de folhear as páginas de um jornal impresso. Aquele gosto de todas as manhãs de ser surpreendido com uma notícia que poucos sabiam.
Eu sempre ouvi dizer que os jornalistas iam a redação tarde da noite, para esperar os últimos acontecimentos e deixar a informação cada vez mais quente para o jornal que rodaria na prensa as 3h da manhã e 5h estaria ali chegando a nós junto com o pão quentinho, o café com leite, a tapioca.