Otinaldo Lourenço acompanha Martinho
O genial Raimundo Asfora, que foi levado, quando era Vice-Governador do Estado, do governo de Tarcísio Burity, deu ao poeta Manoel Filó o mote: “A morte está enganada, eu vou viver depois dela”. Leda ousadia poética, ou se muito se exigir, apenas uma metáfora ou fé religiosa... Temos passado maus tempos, desde 2020, ao enfrentarmos uma pandemia que vem ceifando a vida de muita gente. Já cansados de chorar, o sentimento de perda tem ocupado o espaço das nossas afeições. O que fazer? Não se pode matar a morte, tampouco trancafiá-la, tão somente evitá-la no tanto que se pode, como se estivesse cortando caminho de gente ruim. Do que nos resta, sobretudo agora, é se vacinar e ser militante da vacina, e também se lavar do contágio.
Há poucos dias, havíamos perdido o querido Martinho Moreira Franco, cronista mestre de nós todos, nas páginas do jornalismo paraibano. Escritor de um diálogo incomparável sobre os fatos do dia a dia, os feitos do quotidiano; sabiamente intelectual de uma ironia à Voltaire. Como também sabia fazer desse espírito crítico a melhor análise de qualquer problema, ou de qualquer solução. Tarcísio Burity distinguia essa sua facilidade no trato com a arte de escrever: rápido, simples , belo, com conteúdo e sem borrão. Ele esmiuçava o quase nada, fazendo com que o pouco se relacionasse com o muito; o muito, com as suas partes, numa incrível percepção de ver muito acima da míope mediocridade. E agora, a quem telefonar para escutar a voz inconfundível de Martinho, amiga, sincera e certeira?
Em pouco espaço de tempo, já escrevia crônica sobre a inefável rica vida e modesta do amigo José Maranhão, ex-governador da Paraíba, que faleceu no mandato de Senador da República, quando o exímio historiador paraibano, também dileto confrade da APL, José Octávio de Arruda Melo, comunica-me que seu irmão Otinaldo Lourenço acabava de ser vítima da Covid-19. Lá se foi mais um amigo, que testemunhou parte da minha vida, a nos comentar confidências da cidade. A partir de 1972, quando, quase no fim da noite, voltava da FAFIG (Guarabira), onde era professor e Diretor, tínhamos encontro marcado, sob a liderança de Otinaldo, com Dorgival Terceiro Neto, então prefeito de João Pessoa, Linduarte Noronha e tantos outros puxadores de um bom papo, na Rádio Arapuan, de onde descíamos para a Churrascaria Bambu, até quando Balduíno Lelis, a pedido de Dorgival, transferiu tal famoso bar para dentro da Bica. Fomos contra, mas Dorgival não nos ouviu. O lugar gozava de um silêncio de floresta, mas nossas risadas acordavam os bichos daquele zoológico, principalmente os da Ilha dos Macacos, que se situava ao lado da churrascaria.
Eram conversas sobre fatos, feitos e falsos com cheiro de notícia. Quando o assunto ia findando, ele saía da República, transfigurava-se Otinaldo num fiel monarquista, exaltando a politica e o rito da rainha da Inglaterra. Por aqui, não faz muito tempo, Otinaldo, o grande comunicador do radialismo paraibano, depois de ensinar isso na UFPB, pontificava no seu reinado, a sua granja, onde tratava dos seus bichos. Orgulhava-se de nos apresentar todos, dando à vaca o nome de duquesa, à outra de marquesa; ao touro, o de ministro, e o boi era um lord... Otinaldo se deliciava com essas fantasias, entre costumes monárquicos e tradições. Confiava ele mais nesse imaginário do que na nossa razão; e haja risadas. A curta duração da vida não consegue desfazer as sinceras amizades, mesmo depois da morte...
O genial Raimundo Asfora, que foi levado, quando era Vice-Governador do Estado, do governo de Tarcísio Burity, deu ao poeta Manoel Filó o mote: “A morte está enganada, eu vou viver depois dela”. Leda ousadia poética, ou se muito se exigir, apenas uma metáfora ou fé religiosa... Temos passado maus tempos, desde 2020, ao enfrentarmos uma pandemia que vem ceifando a vida de muita gente. Já cansados de chorar, o sentimento de perda tem ocupado o espaço das nossas afeições. O que fazer? Não se pode matar a morte, tampouco trancafiá-la, tão somente evitá-la no tanto que se pode, como se estivesse cortando caminho de gente ruim. Do que nos resta, sobretudo agora, é se vacinar e ser militante da vacina, e também se lavar do contágio.
Há poucos dias, havíamos perdido o querido Martinho Moreira Franco, cronista mestre de nós todos, nas páginas do jornalismo paraibano. Escritor de um diálogo incomparável sobre os fatos do dia a dia, os feitos do quotidiano; sabiamente intelectual de uma ironia à Voltaire. Como também sabia fazer desse espírito crítico a melhor análise de qualquer problema, ou de qualquer solução. Tarcísio Burity distinguia essa sua facilidade no trato com a arte de escrever: rápido, simples , belo, com conteúdo e sem borrão. Ele esmiuçava o quase nada, fazendo com que o pouco se relacionasse com o muito; o muito, com as suas partes, numa incrível percepção de ver muito acima da míope mediocridade. E agora, a quem telefonar para escutar a voz inconfundível de Martinho, amiga, sincera e certeira?
Em pouco espaço de tempo, já escrevia crônica sobre a inefável rica vida e modesta do amigo José Maranhão, ex-governador da Paraíba, que faleceu no mandato de Senador da República, quando o exímio historiador paraibano, também dileto confrade da APL, José Octávio de Arruda Melo, comunica-me que seu irmão Otinaldo Lourenço acabava de ser vítima da Covid-19. Lá se foi mais um amigo, que testemunhou parte da minha vida, a nos comentar confidências da cidade. A partir de 1972, quando, quase no fim da noite, voltava da FAFIG (Guarabira), onde era professor e Diretor, tínhamos encontro marcado, sob a liderança de Otinaldo, com Dorgival Terceiro Neto, então prefeito de João Pessoa, Linduarte Noronha e tantos outros puxadores de um bom papo, na Rádio Arapuan, de onde descíamos para a Churrascaria Bambu, até quando Balduíno Lelis, a pedido de Dorgival, transferiu tal famoso bar para dentro da Bica. Fomos contra, mas Dorgival não nos ouviu. O lugar gozava de um silêncio de floresta, mas nossas risadas acordavam os bichos daquele zoológico, principalmente os da Ilha dos Macacos, que se situava ao lado da churrascaria.
Eram conversas sobre fatos, feitos e falsos com cheiro de notícia. Quando o assunto ia findando, ele saía da República, transfigurava-se Otinaldo num fiel monarquista, exaltando a politica e o rito da rainha da Inglaterra. Por aqui, não faz muito tempo, Otinaldo, o grande comunicador do radialismo paraibano, depois de ensinar isso na UFPB, pontificava no seu reinado, a sua granja, onde tratava dos seus bichos. Orgulhava-se de nos apresentar todos, dando à vaca o nome de duquesa, à outra de marquesa; ao touro, o de ministro, e o boi era um lord... Otinaldo se deliciava com essas fantasias, entre costumes monárquicos e tradições. Confiava ele mais nesse imaginário do que na nossa razão; e haja risadas. A curta duração da vida não consegue desfazer as sinceras amizades, mesmo depois da morte...