ESTRATÉGIA É TUDO
Daniel Silveira seguiu tão didaticamente o roteiro combinado que até preparou o discurso para o momento da prisão...tudo ensaiado e revisado.
O DEPOIMENTO (altamente esnobe) de Daniel Silveira gravado (espontaneamente) em vídeo no momento de sua prisão, mais que sintomático, é sinfônico e revelador: a estratégia (mais uma vez) funcionou.
SEGUINDO o roteiro que foi traçado desde a pré-campanha que resultou na eleição dos atuais mandatário e legisladores federais, o deputado planejou até o horário provável em que o mandado de prisão seria cumprido, e até ensaiou um discurso para o momento.
COMO Sara Geromini, Oswaldo Eustáquio e Weintraub, o deputado messianista precipitou a própria prisão com três propósitos básicos do roteiro: 1) desviar olhares das tragédias resultantes da absoluta incompetência e irresponsabilidade do Governo e seus fanáticos (e lunáticos) assessores – diminuindo, assim, a pressão sobre possíveis responsabilizações do Capitão; 2) descredibilizar mais uma das instituições imprescindíveis à existência e manutenção do Estado Democrático de Direito (o Poder Judiciário); e (o principal) 3) alimentar com sensacionalismo, populismo e distorção da realidade o séquito hipócrita e insano que clama por sangue, totalitarismo e pensamento unitário. Pra estes, não importa se o artista é um canastrão; o que não pode é faltar espetáculo.
MAS o STF não é apenas vítima; também é cúmplice.
NÃO é de hoje nem de ontem que nossa Suprema Corte vem se apequenando diante do seu dever constitucional e moral como guardiã da Constituição em nome de indecências e excrecências como corporativismo, personalismo, dogmas religiosos e paixões político-ideológicas.
UM DOS momentos mais despudorados do despencamento moral do STF foi a clara chantagem de Tofolli, então presidente da Corte, ainda no Governo Temer, ao condicionar a apreciação da possibilidade do fim de auxílio-moradia para juízes com residência à concessão de reajuste salarial aos ministros, mesmo já em agudas crises econômica e política. Aliás, a não concessão daquele reajuste foi uma das principais razões da indisposição do Tribunal com a então presidente Dilma Roussef – que acabou arrastando o mesmo para, segundo Romero Jucá, o “acordo com o Supremo e tudo”, que resultou na cassação do mandato presidencial, mesmo sem encontrarem crime para condenar a presidente cassada ao menos a suspensão temporária dos direitos políticos.
ANTES disso, o Corte já havia ignorado mais de uma vez o seu papel constitucional e moral ao fechar os olhos para crimes do então juiz Sérgio Moro, como a gravação e divulgação ilegais de conversa da Presidente da República, as acusações sem provas, a midiatização e a politicalização da operação lava jato por parte do procurador Dallagnol, e ao ignorar a Constituição, retomando um tema sobre o qual já havia formado juízo (a prisão em segunda instância) e cuja competência para decidir é do Congresso, apenas para impossibilitar a candidatura de Lula e viabilizar a eleição do atual Presidente.
DAÍ em diante, perde-se a conta dos insultos, desmoralizações e difamações que o Presidente da República e apoiadores seus passaram a fazer sistemática e constantemente ao STF/TSE, Congresso, Imprensa, opositores e todo tipo de crítico, tanto em redes sociais quanto em manifestações de rua – e o Supremo sempre contemporizando.
EVIDENTEMENTE, como os demais citados no início, Daniel (que não é o Profeta, mas também quer entrar pra história como referência de integridade) sabe o que foi acordado nos bastidores – tanto que nem gaguejou ao ser perguntado (já preso) o que esperava da Câmara: “Vai me absolver”, afirmou.
NA PIOR (ou na melhor) das hipóteses, perde o resto do mandato, e se torna um mártir da causa patriótica, podendo, já em 2022, vir a ser, por que não, o substituto de Mourão – já que este é dado por certo como descartado como vice na chapa de disputa da reeleição do Capitão –, um novo Witzel ou, quem sabe, o Ministro dos Bons Modos e Costumes do próximo governo do Mito.
QUEM tem estratégia, pode até não ter dinheiro,...