A jardineira,
a canção imortal
1. O borbulhante carnaval da Bahia, em 2021, foi atingido mortalmente pela Covid-19. Simplesmente não houve. As avenidas e os clubes onde a fuzarca carnavalesca impera estiveram vazios. Apenas foliões suicidas pularam carnaval, contrariando as autoridades; foram punidos quando alcançados pela polícia.
2. Nos três dias de carnaval não pus os pés fora de casa. Não adiantaram os conselhos que recebi de botar a máscara, dar um pulinho na cidade, e na volta lavar as mãos com água e sabão. Fiquei na minha.
3. Liguei o meu Notebook e ouvi marchinhas dos carnavais d'outrora; desde Chiquinha Gonzaga, com o seu "Ô abra alas". Nada de "músicas" dos carnavais d'agora. Todas são muito ruins. Faltam compositores como Lamartine Babo, Benedito Lacerta, Mário Lago, David Nasser, Braguinha, Haroldo Lobo e Noel Rosa, entre outros.
4. Segundo alguns pesquisadores, as marchinhas carnavalescas nasceram com Chiquinha, em 1889, o ano de "Ô Abre Alas". Outros dizem que não. Juram que as marchas carnavalescas explodiram nos anos 1920 e 1960. Não concordo, pois, em outros anos primorosas marchinhas foram cantadas, como se verá a seguir.
5. Vejam. "O teu cabelo não nega" é de 1931; "Chiquita bacana" de 1934; "Balancê" de 1936; "A jardineira" de 1938; "Mamãe eu quero" de 1937; "Tourada em Madri" de 1938; "Aurora" e de 1940; "Cachaça é água" e 1963;e "Me dá um dinheiro aí" de 1959.
6. Parte de meus carnavais pulei na minha tarra, Fortaleza, idos de 1952. A capital cearense era considerada a cidade dos clubes mais chiques e mais animados do Brasil. Merecendo destaque o Náutico Atlético Cearense. Pela sua opulência chegou a ser considerado como um insulto a um Estado com uma população carente ao extremo.
7. Uma coisa é certa e já disse isso milhares de vezes: as marchinhas dos mais antigos carnavais jamais serão esquecidas. Podem eventualmente ceder lugar às porcarias que se canta hoje, mas as antigas serão sempre um sucessos. Toquem, por exemplo, "Lambretinha" num salão qualquer, e ele pega fogo.
8. Este ano, nesta quarta-feira de cinzas, homenageio uma marchinha que ouço desde criança, "A jardineira", de 1938, composição de Benedito Lacerda e Humberto Porto.
Essa marcha é realmente encantadora. "A jardineira" conquistou o coração de um ditador: Getúlio Vargas a ouvia com muito carinho, principalmente se fosse na voz de Orlando Siva, o Cantor das Multidões...
"Ó jardineira, porque estás tão triste?
Mas o que foi que te aconteceu?
Foi a camélia que caiu do galho,
Deu dois suspiros e depois morreu. "
a canção imortal
1. O borbulhante carnaval da Bahia, em 2021, foi atingido mortalmente pela Covid-19. Simplesmente não houve. As avenidas e os clubes onde a fuzarca carnavalesca impera estiveram vazios. Apenas foliões suicidas pularam carnaval, contrariando as autoridades; foram punidos quando alcançados pela polícia.
2. Nos três dias de carnaval não pus os pés fora de casa. Não adiantaram os conselhos que recebi de botar a máscara, dar um pulinho na cidade, e na volta lavar as mãos com água e sabão. Fiquei na minha.
3. Liguei o meu Notebook e ouvi marchinhas dos carnavais d'outrora; desde Chiquinha Gonzaga, com o seu "Ô abra alas". Nada de "músicas" dos carnavais d'agora. Todas são muito ruins. Faltam compositores como Lamartine Babo, Benedito Lacerta, Mário Lago, David Nasser, Braguinha, Haroldo Lobo e Noel Rosa, entre outros.
4. Segundo alguns pesquisadores, as marchinhas carnavalescas nasceram com Chiquinha, em 1889, o ano de "Ô Abre Alas". Outros dizem que não. Juram que as marchas carnavalescas explodiram nos anos 1920 e 1960. Não concordo, pois, em outros anos primorosas marchinhas foram cantadas, como se verá a seguir.
5. Vejam. "O teu cabelo não nega" é de 1931; "Chiquita bacana" de 1934; "Balancê" de 1936; "A jardineira" de 1938; "Mamãe eu quero" de 1937; "Tourada em Madri" de 1938; "Aurora" e de 1940; "Cachaça é água" e 1963;e "Me dá um dinheiro aí" de 1959.
6. Parte de meus carnavais pulei na minha tarra, Fortaleza, idos de 1952. A capital cearense era considerada a cidade dos clubes mais chiques e mais animados do Brasil. Merecendo destaque o Náutico Atlético Cearense. Pela sua opulência chegou a ser considerado como um insulto a um Estado com uma população carente ao extremo.
7. Uma coisa é certa e já disse isso milhares de vezes: as marchinhas dos mais antigos carnavais jamais serão esquecidas. Podem eventualmente ceder lugar às porcarias que se canta hoje, mas as antigas serão sempre um sucessos. Toquem, por exemplo, "Lambretinha" num salão qualquer, e ele pega fogo.
8. Este ano, nesta quarta-feira de cinzas, homenageio uma marchinha que ouço desde criança, "A jardineira", de 1938, composição de Benedito Lacerda e Humberto Porto.
Essa marcha é realmente encantadora. "A jardineira" conquistou o coração de um ditador: Getúlio Vargas a ouvia com muito carinho, principalmente se fosse na voz de Orlando Siva, o Cantor das Multidões...
"Ó jardineira, porque estás tão triste?
Mas o que foi que te aconteceu?
Foi a camélia que caiu do galho,
Deu dois suspiros e depois morreu. "