Planícies
Pés de serra são lugares sempre bonitos, a serra em sua eterna distância e os vales que ali se adivinham. E há cores, cores distorcidas como o verde, o azul escuro e profusão de cores outras que explodem nos manacás, nos ipês; então? E a imponência dos jequitibás!
E também perambulam por lá os bichos, variados bichos, aqueles que de nós destoam, pois que também somos bichos, mas não vagamos alertas na noite escura, antes, nos escondemos em nós mesmos. Trazemos a noite escura dentro de nós, capturamos o que de pior nela há, e a embrenhamos em nossos corações.
Reverenciamos o esquecimento pra não dar à luz o prazer de nos brilhar. Somos a vertente que não se atinge, inóspita vertente e ainda assim nos imaginamos planície que tem mais valor nas cotidianas transações, no incansável aspirar / expirar /aspirar; suado transpirar.
Cambiamo-nos por tão pouco e deixamos o bom da vida passar como se fosse reciclável, como se nos retornasse em tempo breve, como se voltasse como voltam águas que vão e os peixes e os sons que ecoam, ribombam, mas nunca se perdem de todo, de total; deixam sempre e sempre resquícios no ar.
A ilusão da volta, do eterno retorno, que nos mantém intactos enquanto crédulos – somos o que de nós queremos e fazemos e cremos; nada nos distorce posto que sempre e ainda haverá esperança, vaga, porém infinda esperança.