JESUS NÃO ERA MANSO.

“A águia não constrói seu ninho no salgueiro-chorão. E o leão não busca a caverna entre as samambaias.

Sinto-me mal e minhas entranhas agitam-se e revoltam-se dentro de mim quando ouço os débeis de coração chamarem Jesus de humilde e manso, para assim justificarem sua própria debilidade.

Sim, meu coração fica doente com tais homens. Pois o que eu prego é o caçador poderoso e o espírito invencível das alturas.

Era um covarde quem sacudiu o punho à face das autoridades e chamou-lhes mentirosas, vis, corruptas e degeneradas?” Khalil Gibran, in “Jesus O Filho do Homem”, fls. 54.

“Creio que nem os romanos nem os judeus compreenderam Jesus de Nazaré; nem mesmo seus discípulos, que agora pregam em seu Nome.

Os romanos mataram-no. E isso foi um erro. Os galileus querem fazer Dele um Deus, e isto é um engano. Jesus era do coração do homem”. Gibran, fls. 101, obra citada.

É difícil entender o Deus-Homem, e mais ainda Sua existência. O paganismo no curso do tempo aceitou essa mística. O sistema civilizatório distinguiu onde distinção não havia. E pacificou-se no fio da fé e da razão, naquela através do Cristianismo, nesta pela teologia, principalmente pela Patrística, com Tomás de Aquino.

Não há ira genérica, pois nem toda ira anda ao lado do mal, mesmamente nem toda serenidade é sadia, quando se pede revolta.

Ocorre da ira ser cura, não daninha e agressiva, e da serenidade ser covarde, quando se aquieta aquele de quem se pede ação.

A ira nasce também da agressão desmotivada, da revolta justa que faz justiça. Peca quem não se ira, quando a reação era justa, e peca quem se torna sereno quando não devia.

Jesus se irou quando expulsou os vendilhões do templo de seu Pai.

Nem toda ira é maldade, como a serenidade não é desejável em muitas oportunidades.

A ira de Jesus nasceu da cólera santificada. No sacrário da terra dormem ossadas de muitos que fizeram da ira valor máximo na perseguição da justiça. É altar da verdadeira humanidade, onde se deposita a saudade daqueles que se entregaram ao que há de melhor para o homem, e morreram martirizados e imolados pela ira santa.

A sabedoria da ciência, da máxima ciência que traça a linha de humanidades, não está acima das nuvens, voando altaneira e imune às definições compatíveis.

O saber não tem limites e o pensamento pode alçar voos ainda desconhecidos por muitos. A terra não para de se transformar e o planeta não para de existir renovado, criando, e sua criação maior, o homem, não fechou a perfeição de sua jornada, mesmo tendo entre seus filhos Jesus Cristo, que ensinou sem aceitação, o único caminho onde seria desnecessária a cólera santificada.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 16/02/2021
Reeditado em 16/02/2021
Código do texto: T7185392
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