O SUSTO QUE LETO DE JOELINA DEU
O SUSTO QUE LETO DE JOELINA DEU
Manoel Belarmino
Todos os moradores de Poço Redondo conhecem o vaqueiro Leto, filho de Dona Joelina Lameu e Angelino Francelino. Quando Leto de Joelina tinha 9 anos de idade, os seus pais moravam na Rua Dep. Eraldo Lemos, exatamente na esquina onde hoje funciona a Casa dos Salgados, no centro da cidade. Ali onde também morou Manoel Lameu e Dona Das Virgens, os pais de Dona Joelina.
De repente, numa tarde tranquila, aconteceu um inesperado "corre e corre" naquela rua, na casa de Dona Joaelina.
E alguém, ali, desesperado, gritou:
- Chega! Leto de Joelina morreu!
E o corpo do menino Leto estava ali erijecido, estendido no chão, morto "de morte morrida", sobre uns lençóis brancos, na sala da casa de Dona Joelina. Todos de Poço Redondo correram para ver aquele menino irrequieto, traquino, conhecido por todos, agora morto.
Uma tristeza tomou conta da casa de Dona Joelina e de toda a cidade.
Uns cuidaram logo na feitura das mortalhas; as mocinhas foram colher flores das plantas da Praça Arnaldo Rollembeg e outros foram encomendar logo o caixão com o marceneiro Zé Rosa que morava ali na mesma rua, na frente da casa de Dona Joelina, exatamente onde hoje é a casa de Bizu de Durval.
Vestiram as mortalhas no menino Leto, colocaram-no no caixão, depois botaram as flores como enfeites e acenderam as velas de defunto. Tudo pronto para a sentinela, para o velório. Já era noite. Alguns litros de cachaça já estavam ali sendo consumidos por alguns, o que era normal nos velórios daquele tempo.
Já próximo da meia noite, Leto, o defunto, pulou do caixão e gritou em voz alta:
- Mamãe, quero comida!
Todos que estavam na sentinela correram com medo, exceto seu Angelino, que mesmo assustado, cuidou logo de tirar as mortalhas do menino Leto. Nem Dona Joelina ficou. Até os bêbados de velório correram com os litros de pinga nas mãos.
Leto estava vivo; "Vivinho da Silva".
Esse foi o susto que Leto de Joelina deu no dia que ele "morreu, mas não morreu".