O TRINCAR DE MOEDAS NA SALA DA PREFEITURA DE POÇO REDONDO
O TRINCAR DE MOEDAS NA SALA DA PREFEITURA DE POÇO REDONDO
Manoel Belarmino
Uma pessoa me contou, mas me pediu para não revelar o nome, que uma certa vez ficou até tarde da noite trabalhando na Prefeitura de Poço Redondo. Ali naquele mesmo prédio onde ainda funciona o Poder Executivo Municipal, na Avenida Alcino Alves Costa, no centro da cidade. Havia muita coisa pra fazer ali. E ele queria se concentrar e terminar os "selviço" naquele dia, naquela noite. Todo mundo, ao terminar o expediente, foi embora, e aquele servidor municipal continuou, ali, trabalhando. O tempo foi passando, em silêncio, e o servidor, concentrado, conferia um documento, conferia outro, incluía os dados no computador, entre uma xícara de café e outra. Já por volta das vinte e duas horas, de repente, o silêncio foi quebrado. Um barulho veio dos lados da sala vizinha. Um barulho estranho. Parecia um trincar de moedas. Como se alguém despejou uma certa quantidade de moeda sobre alguma mesa. O servidor municipal ficou assustado. Ali não havia mais ninguém no prédio da prefeitura. Nem o vigia (vigilante) estava por ali. Quem fez aquele estranho barulho?
- Nada não, nada não...! - disse em pensamentos, desconfiado, o servidor municipal.
Não demorou muito e... outro barulho. Mais outro barulho e outro trincar de moedas. E aí já era um barulho como se alguém tivesse contando ou separando moedas.
O servidor municipal começou a se arrepiar. O medo tomou conta daquele ser. Queria gritar e, de tanto medo, a voz não saía. Os cabelos ficaram espichados, como se fossem arames, de tanto medo.
Aquele servidor municipal saiu do prédio morrendo de medo. Sem voz, sem ação, tremendo. Não teve forças nem para apagar as luzes da sala. Não fechou as portas do prédio.
Mais tarde, por volta das vinte e três horas, o vigilante chegou ao prédio e viu tudo estranho. Luzes das salas estavam ligadas, documentos desarrumados na mesa, as portas da sala e da frente do prédio estavam abertas.
Aí, depois, o servidor se lembrou que naquele prédio, em tempos passados, já funcionou a agência do Banco do Nordeste. E que alguns funcionários daquele banco, que trabalharam ali, já eram falecidos.
Será que algum funcionário do Banco, já falecido, veio conferir ali algum dinheiro, algumas moedas, naquela noite?
O que eu sei, e o que o funcionário da Prefeitura me contou, é que nunca mais ele ficou sozinho ali naquele prédio. Nem durante o dia. E a noite ele não quer nem saber de ficar ali. Medo da gota serena aquele servidor teve dos fantasmas contadores de dinheiro!
Se essa história é verdade ou mentira, eu não sei. Só sei que ele me contou essa história assim.