CONFERÊNCIA DOS ANIMAIS.

Foi convocada em caráter de urgência, uma grande conferência, como nunca antes vista, reunindo incontáveis animais, de inúmeras raças, tamanhos e tipos e países. Todos esses animais se agruparam organizada e civilizadamente, em um local ultra secreto. O acordo de paz assinado por todos os animais assegurou que nenhuma espécie atacaria a outra ou se valeria de sua superioridade física durante o evento. De comum acordo, todos respeitaram a todos, de modo que onças, leões, tigres, cachorros, leopardos, gatos, ratos, coelhos, esquilos e demais animais estivessem todos juntos sem brigar, atentos ao pronunciamento que logo mais começaria.

Quem presidia a prestigiada conferência era o Conde Pluto, um Border Collie de quinze anos. O seu antigo dono era o presidente da maior rede de pet shop do mundo.

O tema anunciado por Pluto era: " O FIM EMINENTE DE TODOS OS ANIMAIS". Todas as espécies aguardavam com grande ansiedade o início do pronunciamento de Pluto. A maioria dos animais presentes compartilham de algo incomum, eram vítimas da impiedosa 'castração', ação essa, causada insensatamente por seus respectivos donos e criadores. Consternados com a barbárie sofrida e cada vez mais crescente, eles não podiam mais ter descendência, vida oriunda de suas próprias vidas. Se nada fosse feito, em pouquíssimos anos não haveria mais animais na face da terra.

"O homem não é digno de nós", dizia Pluto em determinado momento do discurso, eufóricos, os animais faziam os mais diversos tipos de sons e uivos.

" Dizem que somos irracionais, que agimos por instinto. Agora vejam eles, tão sabedores de tudo, eles matam seus semelhantes por nada, roubam, abusam de menores, criadores de armas capazes de aniquilar a própria espécie… Eles, egoístas, egocêntricos, demoníacos… Ainda dizem que nós é que somos irracionais." Os animais iam loucura a cada palavra de Pluto.

O sábio Border Collie conhecia pela sua vasta experiência de vida, que mesmo perante todos os seus esforços, discursos, palestras e de todos os outros compatriotas pelo mundo. Todo esforço para mudar a situação estava sendo em vão. Poderiam sim, mediante muito trabalho, dificultar a mão de ferro do homem, no entanto, não poderiam impedir o inevitável... Em questão de poucos anos não haveria mais animais vivos, apenas exemplares empalhados em museus. E não satisfeitos com toda essa tragédia anunciada, o homem tentaria pôr fim à sua própria existência, pois a cada dia, os homens percebem não ser capazes de viverem consigo mesmos.

Pluto então terminava o seu discurso dizendo: "Diante de tudo o que foi dito, diante da inevitabilidade, que tenhamos todos… Um bom fim".

Cada animal presente se retirou em silêncio, cabisbaixos, orelhas caídas é rabo entre as pernas, seguiu cada um sem dono é sem rumo pelos ermos dessa vida… Orelhas caídas, rabo entre as pernas, vai o cão arrependido… No olhar o reflexo de uma certeza, a de que o homem é a única raça incapaz de suportar a si mesma.

(L. B)

Tiago Macedo Pena e LUISE BATILIERE ( L.B )
Enviado por Tiago Macedo Pena em 14/02/2021
Código do texto: T7184013
Classificação de conteúdo: seguro