DALVA


Ela me encontrou em uma busca pela Internet, através do Facebook. E foi assim, que também encontrei outras amigas de infância e juventude, como Sônia e Marlene.

Foi com alegria que conversamos pelo Messenger e depois nos encontramos pessoalmente, em uma confeitaria perto de minha casa, onde degustamos um bolo saboroso e um café revigorante, tudo em meio a muita conversa e risadas, estas mais de minha parte do que dela.

Havia tanto para contar, isso depois de avaliarmos nossas aparências. Estávamos muito mais velhas mas, na essência, éramos nós mesmas, bem reconhecíveis! A última vez que nos vimos foi na formatura. Depois Dalva voltou para o interior do Paraná, onde vivia sua família. Perdemos o contato.

A vida nos levou por diferentes e variados caminhos; primeiro emprego, casamento, filhos, ela, pois eu não os tive. Ganhei quatro enteados, mas isso é outra história. Agora, 45 anos depois, me surpreendo com a sua narrativa e ela com a minha.

Rimos, ficamos felizes em nos reencontrar. Já de volta para casa começo a pensar em como os fatos que minha amiga me contou não poderiam ser diferentes. Foi casada, tem dois filhos, um neto, e agora está divorciada. Não foi um casamento feliz. Uma vida permeada de agruras e desencontros.

Dalva não mostra um semblante sereno, aliás, quando jovem, ela quase não sorria. Nos conhecemos no Curso de Letras Português/Inglês da Universidade Federal do Paraná. Sempre me pareceu uma jovem negativa, pessimista, deprimida. Às vezes eu até preferia não sentar-me ao seu lado nas aulas. Ao chegar ao anfiteatro do nono andar, ao ver seu rosto triste e contraído, eu lhe acenava com a mão e ia sentar-me com Maria Aparecida ou Margarida só para não ouvir seus lamentos. Mas estudávamos juntas para as provas. Ela sabia um pouco mais de Latim, cujas declinações eu detestava e eu me dava bem com o inglês, de forma que nos ajudávamos.

Dalva não mudou. Os anos passados, as experiências boas ou más, não a fizeram uma pessoa mais alegre, divertida. Noto que não foi bem sucedida em muito do que empreendeu. Seguiu sua trajetória como foi na juventude, triste, deprimida, ensimesmada. Não procurou ajuda médica, psicológica, psiquiátrica...o que, talvez, a tivesse ajudado a ser feliz.

Agora, mais vivida, mais experiente e também mais sofrida, não procuro dela me afastar. Nos acolhemos, uma à outra, e de vez em quando nos reunimos para um café com bolo em um lugar agradável e conversamos sobre antigos e novos tempos, nossas vivências e expectativas para o futuro. (Claro que com a Pandemia isso não foi possível, mas vamos retomar os encontros assim que a vacina nos permitir) Isso faz bem, a ambas.


 
Aloysia
Enviado por Aloysia em 13/02/2021
Reeditado em 13/02/2021
Código do texto: T7183658
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