O CONGREGAI DA BÍBLIA OU lockdown DA PANDEMIA? ("Descobri a causa do coronavírus: Deus SI cansou." — Sérgio Sant'Anna)
Ontem, ao observar as ruas vazias de minha cidade pela janela, fui tomado por uma estranha sensação. O silêncio ensurdecedor, quebrado apenas pelo ocasional uivo de uma sirene distante, contava a história de uma guerra contra um inimigo invisível. Naquele momento, minha mente vagou por reflexões profundas enquanto o mundo ao redor parecia desmoronar.
Lembrei-me de uma conversa com meu amigo médico, Dr. Carlos. Com olhos cansados e voz embargada, ele me explicou sobre a batalha travada dentro dos corpos infectados. "É como um exército de pequenos soldados", disse, referindo-se aos leucócitos, "que se sacrificam para salvar o organismo". Essa imagem ficou gravada em minha mente: heróis microscópicos lutando uma missão suicida pela saúde do todo.
Que ironia, refleti, combater o mal com o mal, pagar o bem com o bem. A natureza nos ensinava uma lição de equilíbrio em meio ao caos. As notícias diárias nos bombardeavam com estatísticas frias que representavam vidas perdidas. Cada dígito a mais nas contagens me fazia questionar: será que Deus ama mais o parasita que o hospedeiro? Que missão específica poderia justificar tanto sofrimento?
Via o desespero daqueles que lutavam para sobreviver, dispostos a fazer qualquer coisa para se salvar. "Salve-se quem puder", diziam alguns. Mas essa mentalidade não se alinhava com os ensinamentos sobre amar ao próximo como a si mesmo. O Opositor, a personificação do mal, parecia nos ensinar a matar para nos salvar, fazendo o que agrada apenas a nós mesmos.
A contradição entre a necessidade de isolamento e o chamado bíblico para congregar-se me intrigava. Como conciliar a fé com a ciência em tempos tão turbulentos? Seria o vírus uma provação divina ou um capricho da natureza? Lembrei-me das palavras de minha avó: "O mal é a possibilidade de usar erradamente o que é bom". Talvez a verdadeira lição desta pandemia seja sobre como usamos nossa liberdade, nossa ciência, nossa fé.
A pandemia trouxe à tona não apenas uma crise de saúde, mas uma crise de fé e de valores. Ao final, talvez a lição mais importante seja aprender a discernir entre o essencial e o supérfluo, valorizar a vida em todas as suas formas e buscar sempre o bem, mesmo em tempos sombrios.
Olhando novamente pela janela, vi um casal de idosos caminhando de mãos dadas, ambos usando máscaras. Naquele momento, entendi que o verdadeiro antídoto para o medo e a incerteza é o amor e a solidariedade. A vida continua, e cabe a nós encontrar sentido e propósito em meio ao caos.
Querido leitor, em tempos de coronavírus, talvez nossa maior missão seja lembrar que, apesar da distância física, estamos todos conectados nesta dança invisível da vida. Que possamos emergir desta crise não apenas mais fortes, mas também mais compassivos e unidos. Afinal, o verdadeiro milagre não é sobreviver à tempestade, mas aprender a dançar na chuva, carregando as lições aprendidas e as cicatrizes deixadas pela pandemia. É na adversidade que encontramos a verdadeira essência do que significa ser humano. CiFA
Questões Discursivas:
1. O texto apresenta reflexões sobre a pandemia de COVID-19, explorando temas como fé, ciência, amor e sofrimento. Com base na perspectiva do autor, quais são as principais lições que podemos aprender com essa crise global e como podemos usá-las para construir um futuro melhor?
2. O autor utiliza diversas figuras de linguagem para ilustrar suas ideias, como a metáfora do "exército de pequenos soldados" para os leucócitos e a personificação do "Opositor" para o mal. Explique como essas figuras de linguagem contribuem para a construção da mensagem central do texto e para a reflexão sobre a pandemia.