A ARTE DA DECISÃO
Antes de dormir, numa noite como tantas outras em que não consegui pregar os olhos, pensei em muitas coisas. Daquelas mais banais até às mais complexas, buscando uma mísera gota de sono para calar essa avalanche de pensamentos que uma mente ansiosa e sedenta é capaz de suportar.
Na manhã seguinte a essas noites de tormenta e cansaço mental, fica aquela indignação vazia de não se ter chegado a conclusões. Então, resolvi falar sobre as conclusões a que quero chegar.
Talvez, um fato do dia a dia chame sua atenção mais que essa crônica sem sal e com muita pimenta para a mente. Ainda assim, insisto que ponha sua cachola para buscar entender o porquê da nossa mente, tão cansada depois de 17 ou 18 horas trabalhando incessantemente, não nos permite tirar uma boa soneca após 15 minutos em posição fetal numa cama olhando para o escuro do vazio.
Sei que você vai buscar na fisiologia do cérebro essa resposta, mas, às vezes, por mais desgastante que seja, precisamos aceitar que nossa mente controla e é controlada por pulsos desconhecidos de uma sede eterna de entender até a mínima coisa que nos cerceia.
Um dia, outro dia aliás, eu estava pensando se o infinito é de fato infinito. Se uma sequência não possui um fim, por que diabos buscamos sempre o próximo número? Sabemos que "pi", até o momento, é um número irracional que pertence a uma sequência infinita de números justapostos e que não funcionam como uma dízima periódica: 3,141592653...(π). Até hoje os matemáticos buscam sempre o próximo número e depois o próximo e depois o próximo até... Não sei!
Eu penso, melindrosamente, atentamente, incessantemente e sem respostamente que o infinito é o nome que damos para sequência inacabadas, que no fundo, acreditamos descobrir um fim e resolver todos os problemas da matemática e, assim, da vida.
É uma decisão tão descabida escolher pensar em todas essas coisas que tão fixamente fervem cada neurônio da cachola. É a decisão de buscar respostas quando se deveria... Sei lá, está deitado numa cama dormindo? Não sei mais o que eu estava planejando fazer, me perdi completamente buscando a resposta matemática para um problema científico em que a resposta talvez sejam as letras e a filosofia da decisão de não decidir pensar e só afogar a cabeça no travesseiro e dormir.