SOBRE UM PIERRÔ DESOLADO

Homenagem póstuma

Dos velhos carnavais.

Hj me chegou uma foto lembrança pela rede social.

Trata-se duma foto que tirei do caminho, ainda por Sampa...rumo à estrada das idas sem voltas.

Era uma época de despedida.

Embora todos os dias estejamos nos despedindo de algo ou de alguém, ali se tratava duma despedida quase com hora marcada.

Como um livro cujo epílogo começou sem trégua de final feliz.

Uma despedida duma vida...duma era, duma História.

Ali ficariam as férias, os aniversários, o sino da igreja, o jardim, o apito do trem, os abraços, as lembrancinhas, os bolinhos de chuva, o perfume de laranja nos ares, o cafezinho de coador, o trotar das carroças no asfalto, o cheiro de chuva de verão varrendo a terra vermelha.

Ficariam também ali as descobertas das ausências profundas disfarçadas de falsas presenças superficiais e principalmente a verdadeira saudade dum amor tão dedicado às nossas vidas.

Viver também deve ser adquirir a capacidade de vestir a fantasia de Pierrot , chorar ao retroceder no tempo e enxugar as lágrimas para pular os velhos carnavais da vida.