AMIGOS..

Amigos, próximos, tenho pouquíssimos, mas para todas as pessoas é difícil definir o perfil do que é amizade, coisa desconhecida, quase como o surgimento da vida e a formação do pensamento. Seria o “sal da terra” da passagem bíblica? Não creio, o sal é efetivo e definitivo no dar sabor, sempre, “amigos” por vezes surpreendem e tiram o sabor, precisamos compreender, ao sal não, é sempre o mesmo.

Não há incondicionalidade em amizades, e adite-se, não poderia haver, amigo não é mãe. Nem se peça isso. Para muitos há uma relação inexistente nessa amplitude, existiria mero “conhecimento”, as vezes de muito tempo. E só. Já é bastante. E quem ou quais não acreditavam em amizade? As grandes cabeças, reverenciadas e cultuadas. Mas isso é relativo, nossas convicções são só nossas. Leia-se Aristóteles, e outros.... É uma realidade dura e crua? É! Ocorre isto por quê?

A vida é regida pelo interesse, econômico e moral, isto é uma realidade, queiramos ou não. E mesmo o interesse moral, subjetivo, imaterial, sem valor de moeda, reside e habita a seara das emoções, onde se situa a alegria. Um grande valor, sem dúvida, e por isso há interesse. Ninguém quer estar ao lado de pessoas desagradáveis, depressivas, problemáticas, invejosas, complicadas, ególatras, maledicentes, pretensiosas, caricaturas de “ser gente”. Só uma franciscana caridade suporta tais personalidades, muitos suportam.......em nome do Cristo. E os há, ainda bem, o lado positivo da vida humana. Não tenho essa grande qualificação. Peco por franqueza irreverente, e declino o que acho, e posso estar errado, me corrijam e façam o contraditório àqueles com quem fui franco. Aprendo com meu interior que é muito franco.

Não se pode pedir das pessoas aquilo que não podem dar, todos sabem por ser obviedade, assim, não se deve esperar do amigo estar disponível a qualquer momento, as vezes alguém que nunca estará, disponibilidade e solidariedade que não serão concedidas, pois o socorro ou algo de que se necessite pode estar em conflito com o conforto do “amigo”, disponibilidade que nem familiares são credores, por vezes. É a personalidade da pessoa, seu perfil que não temos o direito de pedir mudanças, aceitamos ou não, convivemos ou não, reduzimos o convívio ou não. É necessário forte traço de humanidade, caridade, e preparo espiritual para tanto, ser cristão, ter o plenipotenciário tribunal da consciência; implacável, o que ocorre comigo. Acho, achismo estrutural, que somos consciência de unidade, quem a tanto chegou, aquela luz vista na quase morte por todos que morreram sem morrer, voltaram.., e podem passar essa visão da unidade, o vazio criador.

Tive duas pessoas muito aproximadas e hoje distantes, “amigos” com os quais muito curti, muita coisa, que eram ao menos solidários em princípio, e que hoje estão afastadas de mim. Salvei-os profissionalmente, com imenso prazer, faria de novo, quantas vezes fosse necessário, estão distantes. Continuo a gostar dos mesmos.

Tenho amigos maravilhosos, uma alegria quando nos encontramos na rua, ou falamos ao telefone, esquecemos o tempo. Mas vamos levando, também, sem nenhuma obrigação, de forma cristã, todas as amizades, por pura alegria e prazer, mesmo as que podiam restar na indiferença, por qualquer motivo, passado ou presente, aconselhado por nossa vivência, o que recusamos, pois são seres humanos, todos nós somos, mais ou menos frágeis. É preciso saber o que somos Acho que sou o mais frágil dos meus amigos, ao menos de coração.

Também tenho defeitos, muitos, sou mais franco que a franqueza e irreverente na brincadeira, mas acho ( achismo) que sou leal ao extremo, e solidário, minha jornada de vida deve provar a afirmação, e a vida, a jornada também se prova. A vida é uma prova e tem publicidade. Abomino dissimulação, ingratidão, sem que esta me incomode, já que de nada espero retribuição. O que faço é por vontade de servir. Tenho a admiração de meus amigos, sei disso, eles a manifestam de maneira clara, a todo instante, a ponto de me comoverem, também os tenho em alta conta. Os que ficaram na estrada, a saudade e o que vivemos em comum permitem que o coração ainda fique em festa, passando o filme de nossas aventuras, lembrando o tempo de nossas felicidades compartilhadas.

Podendo cultivemos as pessoas que são amigas, exista ou não esse relacionamento tão subjetivo e muito discutido em desdobradas questões. Um amigo é ao menos um confessionário. Estuário de emoções, ou seja, muito...

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 11/02/2021
Reeditado em 11/02/2021
Código do texto: T7182084
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