Um Gentil, Homem

O conheci, faz muito tempo, mais de 50 anos, soube que ele era alcoólatra, todavia jamais ou vi bebendo, todavia fumava demasiadamente, vicio este que também largou!

Via um homem que não recusava trabalho, construiu com grande parte da sua mão de obra pelo menos três casas; fosse de pedreiro, jardineiro, caseiro, poceiro ou vigia não recusava a tarefa. Pagou por um tempo por um crime que não cometeu. Preocupava-se com os netos, filhos, mas sentia falta do amor, quer pelos filhos ou companheira, claro fez com que isto acontece, devido ao álcool, tinha violentas brigas com sua companheira; não justifica, foi educado quando criança que quem manda é o homem, que a mulher deve servi-lo seja no que for, ele; plantou, colheu!

“Ausência” dos filhos, da mulher e amigos era sentida, entretanto, as aproximações sempre tinham algum interesse!

O Gentil homem, por mais de trinta anos acompanhei sua trajetória, sempre que estávamos reunidos seu sorriso era espontâneo, fazia tudo para agradar netos, filhos e agregados. O Gentil homem, agora com um novo relacionamento, feliz, muito feliz, recebia carinho, afeto e cuidados dos mais variados. Passei a gostar muito dessa sua companheira, fazia eu, visitas constantes. O Gentil homem reclamava a ausência dos filhos, se preocupava com os que copiaram seus vícios, bebida e cigarro, Quantas vezes o Gentil homem chorou, sabia que tinha plantado o que estava colhendo.

O Gentil homem, devido aos não cuidados com sua saúde no passado, os efeitos da bebida e cigarro, principalmente o cigarro o acometeu de uma doença grave em seus pulmões. Ai sim, o Gentil homem chorava, pois eram raras, muito raras mesmo as visitas de filhos e netos. Lembro certa feita em uma das minhas visitas, não quero ser piegas, mas eram constantes, eu minha companheira sempre os levamos à passeios, pesca e outras diversões, o Gentil homem chorando disse: ___” Filho, como ele me chamava, porque meus filhos não vem me ver, é tão raro que sinto até dor no coração!”. Confessou que sabia que merecia, mas tinha mudado e mudou realmente, pois o conheci trabalhando e como trabalha, já não bebia, mas, fumava e muito, ah! Já falei sobre isto.

Sua doença foi sendo agravada e cada dia mais, o Gentil homem a essa altura já tinha ao lado da cama um tubo de oxigênio. Convencíamos a ele para sairmos, passearmos e conhecer novos locais, desde que não havia esforço, ele aceitava. O tempo passa, sua doença se agrava e agora não mais um tubo de oxigênio ao lado da cama, mas um junto ao corpo, Em variais visitas que o acompanhei ao médico, em off fui informado dos cuidados que se deveria ter, sua companheira sempre junto e sofria com tudo isto, mas sabia que nada mais se podia fazer!

Perto da casa do Gentil homem, havia um pesque-pague, pelo menos uma vez ao mês íamos até lá, ou seja, O Gentil homem, sua “esposa”, minha companheira e eu. Passávamos bons momentos. Ele, o Gentil homem, numa dessa, não se conteve e chorando disse: “___ Por que meus filhos não fazem isso comigo, por quê?” Respondi! ___“Você sabe por que! Primeiro eles tem recordações ruins do seu passado; segundo, de certa forma não aceitam sua “esposa”, terceiro; não sei, acho que você já provou que mudou, ou melhor desde que te conheço e faz muito anos, mas...”

Não mais que quinze dias, recebi um telefone da “esposa” do Gentil homem, que havia se agravado ainda mais sua doença, fui até o hospital onde internado estava, o médicos informaram que nada mais poderiam fazer e a alta hospitalar foi dada. Uma semana depois, estávamos já providenciando seu funeral.

QUE DEUS O TENHA, amado Gentil homem!

Olla Oswaldo
Enviado por Olla Oswaldo em 09/02/2021
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