Trópico de Touro IX
Olá, este é mais um de meus infinitos diariozinhos, aqui eu escrevo o que não tenho coragem e capacidade de falar, porque, ora bolas, a fala é a penetração no ouvido, escutar é um ato similar ao ato sexual, que seduz a quem se deixa enfeitiçar pelas palavras cantadas ou faladas. E quando chegamos a falar, é como arriar as calças e expor o pau retesado, a procurar por um canal cálido e receptivo...
À despeito de arranhar logo na primeira faixa, o disco girando em minha vitrola cor de caramelo, de Martinho da Vila, todas as outras canções do disco soaram límpidas, sem um único ruído desarmônico, sem saltar, acelerando o samba. O tema de suas músicas é frequentemente a Vila Isabel...
Eu procurara em um livro de receitas de capa dura vermelha, com a imagem de um leitão encravada no centro, que se chamava “A cozinheira e o guloso”, um novo prato para cozinhar no fim de semana, iria escolher a alguma delas e depois comprar os ingredientes no Sacolão que fica entre a Rui Barbosa e a Brigadeiro e realizar a alquimia entre as palavras da receita e a comida pronta, cheirando na panela, para quem sabe, me sentir um pouquinho feliz. Estava em dúvida entre duas receitas, uma delas me lembro bem, um nhoque de mandioquinha, que parecia simples e delicioso, para ser saboreado servindo-se de algum vinho argentino comprado pela internet...