ANGÚSTIA HUMANA. VÍCIOS AGÔNICOS DO PODER.
Quem se entrega às paixões políticas é tomado de febril angústia. Os investidos em legislaturas em grau maior, proporcional ou majoritário, levam uma vida de purgatório com os olhos costurados com arame para nem mesmo olharem o céu acima de suas cabeças, como descreveu Dante Alighieri na sua monumental obra, O INFERNO DE DANTE, segunda na literatura mundial depois da bíblia. São agônicos de certa forma.
Recondução de mandatos transpira em capilaridades malditas para a coletividade. Passionais as febres e patologias que creem serem boas, necessárias, magnânimas. O criminoso acredita na superada tese de Lombroso, acha que ele está certo. Por quê? Nasceu assim, com embrião delinquente. A tese mesmo ultrapassada mostra resíduo permanente.
Há um padrão de vida para convívio basilar entre o bem e o mal.
Fronteiras limítrofes, tornam-se regras. Nas manifestações veementes a angústia se transforma em inferno; restam agônicas. Muitos gostam de viver em infernos, habitat eleito.
A política vive esse estágio. É possível ver o desespero nas atitudes de partidos em corridas e arranjos para permanecerem no Poder. É uma tortura incessante renovada, diríamos, o “hard labour” da emotividade. Transpira, respira, inala e exala pânico, agonia na corrida febril. Labaredas agendadas com transversos ligames. O homem não sabe mais o que faz nessas condições. Está sem chão ou coerência.
No Brasil, pode-se dizer ser o inferno já habitado com sobras na política, só aumentam as labaredas dos anjos caídos na movimentação paradoxal onde inimigos se beijam, adversários trocam elogios, marginais se unem no desejo único, poder. Assim nominados, inimigos, se juntam aos vestais assim adjetivados, tudo a fazer inveja a uma Torre de Babel. E colocando Caim vermelho de vergonha em ter iniciado a iniquidade e ter tantos alunos que o superaram; traição e inveja.
O que acontece? Agonia na busca insana e desenfreada pelo Poder. Nessa situação, claríssima, nem todos são simuladores ou histéricos. Mas seriam leais os agora amáveis e educados, ou aduladores e dissimulados? Na matilha dos lobos são conhecidos os ferozes e mais temidos, os que lutam até à morte, e os que abandonam as crias, e não defendem a matilha. Esses espertos guardam suas estratégias para o ataque inesperado, e matam até filhotes quando têm fome. A fome maior é a do Poder.
A angústia deprime, convoca, é lamurienta, mas esgota e anula o angustiado. Há um ponto definidor da necrose emocional. Cessam em determinado momento os estertores da angústia, é como a ingestão de “tarja preta” que altera o metabolismo químico findando a estrada da hiperatividade. Mas o resultado como no crime resta no depositário; a coletividade.
Essa mesma desordem que toma conta do homem imiscuído no que seria arte política e se transforma em projeto pessoal, se reflete no Estado. Uma sociedade é antes de tudo, uma obra da razão.
Em “O Homem e o Estado”, obra de tomo, Jacques Maritain situa a Justiça como elemento e condição primordial para a existência do “ Corpo Político” que ordena a sociedade em sua forma mais alta e perfeita. E o que se tem na justiça? Desordenação...
A desordem vem de corpo institucional máximo por integrantes que violam permanentemente princípio básico, como manifestarem-se magistrados sobre o que vão decidir antecedentemente e com publicidade, nos órgãos de comunicação, mostra o estado de ausência de ordenação que se vive.
Isso configura e muito, uma aspiração de poder em quem há de estar longe dessa pretensão; PODER POLÍTICO. Se manifesta pela angústia do desequilíbrio.