Cancelamento

Nunca fugi do sentir. Sentir amor, sentir dor, sentir medo, sentir confiança, sentir engraçado ou constrangido. Nunca dei pesos diferentes, pois tudo para mim era sentimento e cada um me ensinava algum aspecto sobre a vida. Talvez seja efeito colateral da intensidade: viver tudo sem negar nenhum lado.

Ser assim me fez causar estranhamentos pelo caminho. Como alguém mergulhado em lágrimas em um dia pode causar risos em outro? Ou falar sobre sonhos após expor sua desilusão? Falar em amor e logo depois sobre a perda? Falar em vida junto com a morte?

Minhas emoções elas não se cobrem e andam na contramão da cultura de hipervalorização de ideais ou ideias seletivas que só focam em um lado.

Valor para mim é tudo aquilo que importa, que muda os sentidos e significados. Logo, tudo importa. Aprendi pelo caminho que a mesma dor/riso que me modifica, também pode auxiliar que o outro reconheça seu processo, pois quando estamos atentos, tudo é sinal do universo.

Não faço da minha vida vitrine ou norma, eu a exponho como é: desregrada! Hoje, há tantos apelos da vida “ideal”. Venda em todos os lugares de modelos que tentam lhe convencer sobre o que deve ser a sua felicidade!

Não quero ser ideal, quero ser real! Sucesso também passa pelo fracasso. Aliás não há ninguém mais bem sucedido de quem escolhe ser quem é, sem a vergonha que esconde alguns lados por aceitação.

Eu não aceito menos do que sinto. Mesmo que disso, resultem perdas. “Cancelamento”? Somos nós que criamos as próprias cancelas pelas comparações sem fundamento! Conhece os bastidores? Então não é real, é ideal.

E não há ideal melhor que a liberdade!